A ciência nova de Giambattista Vico e o Fenômeno da heteronímia de Fernando Pessoa; personagens da História Ideal Eterna: Alberto Caeiro e a poesia da natureza; Ricardo Reis, o guerreiro esvanecido; Álvaro de Campos nos cursos e recorrências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Alcantara, Domingos Pedro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8148/tde-29102015-113137/
Resumo: A afinidade significativa entre as reflexões de Giambattista Vico e a poesia de Fernando Pessoa são objeto dessa pesquisa pois há uma correlação entre o poeta criador de heterônimos e o pensador da História, filósofo da natureza humana. Vico resgatou dos antigos egípcios que a humanidade passou por três etapas de evolução: idade dos deuses, dos heróis e dos homens. Entretanto há uma inovação: tudo começou ao mesmo tempo. Em um desenrolar espiralizado, a História evolui em constantes retornos: a essa sequência de estágios Vico chamou de História Ideal Eterna, crivada pelos cursos e recorrências. O objetivo da atual pesquisa é evidenciar que os heterônimos representam a síntese poética da História Ideal Eterna. Como fundamento do estudo temos A Ciência Nova, obra-prima do autor italiano, a qual discursa a respeito do mito como a primeira forma de ciência dos povos arcaicos e sobre o axioma verum ipsun factum. Primeiramente se aborda a época de Vico, sua vida e a formação nos estudos, para se compreender a postura contrária à perspectiva cartesiana. Explana-se a teoria viconiana que distingue quatro tipos de conhecimento: Ciência, Consciência, Verdades Universais e Conhecimento Histórico. Constata-se que o pensador napolitano tinha fundamentos cabíveis para sustentar suas asserções, haja vista que antecipou a antropologia moderna. A partir dessa constatação percebe-se que encontramos na História uma disciplina de apoio na análise literária. Por outro lado, apesar de ser autor do século XX, Pessoa é eterno na história ideal da literatura e sua imortalidade fez-se na construção de poetas que perfazem uma humanidade inteira. Caeiro, Reis e Campos não devem ser lidos separadamente e sim na relação entre eles pois são unidade que se complementa em um desdobrar cíclico que reproduz a evolução da consciência humana. O paralelo entre a vida de um sujeito da raça humana e a própria humanidade se estabelece formando uma visão poética dos elementos da narrativa histórica. O homem arcaico possuía grande poder de sentidos e fantasia corpulenta, por isso tomando o cuidado para não se deixar levar por cristalizações nota-se que os versos de Caeiro remetem à poesia do concreto, como a linguagem e o pensamento dos primeiros homens que viam as coisas com o deslumbre da primeira vez. Reis é a aristocracia que corresponde à segunda idade, a dos heróis, da solenidade do espírito épico contido na Ode. Campos é o poeta das recorrências, da barbárie, da idade dos homens e da civilização ocidental. Concluise que os heterônimos assim como as três idades são um ciclo no sentido de que formam uma sequência de cursos e recorrências. Paradoxal como tudo em Pessoa porque temos um primeiro, um segundo e um terceiro que se originam todos juntos, concomitantemente. A perspectiva viconiana confirma que os heterônimos apresentam uma aparente diversidade porém o mundo deles constitui de fato um uni-verso. Encontram-se também novas possibilidades de leitura para a poesia dos heterônimos.