Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Souza, Luiz Paulo Chaves de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17135/tde-08082023-145937/
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Resumo: |
O Câncer de Próstata (PCa) é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens. O curso da doença costuma ser positivo, mas uma parcela dos pacientes desenvolve a forma mais agressiva da doença, com uma taxa de recorrência que pode chegar a 30% dos pacientes tratados com prostatectomia radical. A irresponsividade a terapia de deprivação androgênica e a quimioterapia é uma causa significante de morbidade e mortalidade entre esses pacientes. Apesar da efetividade da imunoterapia em outros tipos tumorais, a resposta dessa abordagem em pacientes com a forma avançada do PCa foi aquém do esperado, com taxas de resposta de apenas 15%. Atualmente o mecanismo de evasão imune desse tipo tumoral ainda não é bem compreendido e não existem biomarcadores definitivos para estratificar pacientes que desenvolverão a forma agressiva da doença ou que responderão a imunoterapia. O PCa tem a capacidade de reativar um programa embriogênico chamado de Transição Epitélio-Mesenquimal (EMT), capaz de contribuir com o aumento da invasão, da migração, da resistência terapêutica e da metástase. Esse processo já foi previamente associado a evasão imune em outros tipos de tumores sólidos, mas no PCa a relação entre esses dois processos ainda não foi estudada. Nesse projeto nós investigamos o impacto da expressão do SNAI1 e do ZEB1, conhecidos marcadores de EMT, no perfil transcricional do PCa, em especial em genes e vias relacionados a resposta imune. Uma coorte de 51 pacientes de PCa submetidos a prostatectomia radical foi utilizada. As amostras do tumor fixadas em formalina e embebidas em parafina foram coletadas retrospectivamente. As regiões de interesse foram marcadas e cortes adjacentes foram enviados para o Ontario Institute of Cancer Research para extração de RNA e análise transcriptômica utilizando os painéis NanoString BC360, PanCancer Pathway, Immune profiling e Human V3 miRNA. As análises de expressão diferencial e enriquecimento de vias comparando os pacientes com maior expressão dos genes de interesse foi feita utilizando o painel Immune Profiling. A validação foi feita utilizando o painel PanCancer Pathway e uma coorte pública do TCGA. Os miRNAs enriquecidos e seus alvos foram investigados. A coorte do TCGA também foi utilizada para fazer a análise de citometria digital utilizando o algoritmo do CIBERSORT. O SNAI1 foi associado a um estadiamento patológico elevado e o ZEB1 a uma menor probabilidade de sobrevivência livre de recorrência. Ambos os marcadores foram associados a expressão de genes relacionados a uma maior agressividade como ETS1, COL3A1 e RUNX1, e a genes relacionados a evasão imune como CTLA4 e PD-L1. Complementarmente, vias pró-inflamatórias e pró-tumorigênicas se mostraram enriquecidas no grupo SNAI1 high. A análise utilizando o TCGA confirmou esses resultados. O grupo ZEB1 high se mostrou associados a um maior número de miRNA enriquecidos, dentre eles seis tem como alvo a própria via de EMT, o que sugere um mecanismo de feedback negativo eliciado pela expressão desse gene. Dados do TCGA ainda mostraram que ambos os genes estão associados a maior expressão de checkpoints imunológicos e a análise de citometria digital mostrou que a expressão de ambos os marcadores está associada a um enriquecimento de células quiescentes no microambiente tumoral. Além disso, a alta expressão de ZEB1 também se mostrou associada a uma depleção de células efetoras e a uma polarização M0-M2 de macrófagos associados ao tumor. Coletivamente esses dados sugerem que a EMT está associada não somente a uma maior agressividade do tumor, mas também a mecanismos de evasão imune, o que poderia explicar parcialmente a exclusão imunológica desse tumor e sugerir o uso desses genes como biomarcadores de resposta a imunoterapia. |