Microbiota intestinal associada à inflamação e permeabilidade intestinal em pacientes com doenças inflamatórias intestinais em remissão clínica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rocha, Ilanna Marques Gomes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23082023-154649/
Resumo: Introdução: Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), como Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU), são condições clínicas caracterizadas por inflamação crônica do trato gastrointestinal (TGI), associadas a desequilíbrios da microbiota intestinal (MI) e inflamação durante a fase ativa de doença, porém com escassos estudos que correlacionam marcadores microbianos e inflamatórios durante a fase de remissão clínica. Objetivo: Investigar em pacientes com DII em remissão clínica, em comparação com um grupo controle saudável, as modificações na composição da MI associadas à inflamação e permeabilidade intestinal e risco de recidiva. Métodos: Foram incluídos no estudo 40 pacientes com DII (20 DC e 20 RCU) e 45 indivíduos do grupo controle (GC), pareados por sexo. A avaliação da MI intestinal foi realizada por meio de técnica de sequenciamento do gene 16S rRNA, enquanto permeabilidade e inflamação intestinal foram medidas, respectivamente, pela avaliação da zonulina fecal (ZF) e calprotectina fecal (CF) pelo método ELISA. Dados clínicos, antropométricos, composição corporal, consumo alimentar, avaliação do índice inflamatório da dieta (DII) e exames bioquímicos foram coletados e avaliados. Dados de MI foram processadas, cortados e agrupados em variantes de sequência de Amplicon (ASVs), com análise bioinformática em DESeq2 e Phyloseq para avaliar diferenças na abundância de filos, gêneros e espécies bacterianas entre os grupos. As análises diferenciais de MI, para diversidade e abundância de táxons, entre GC e DII, foram realizadas usando o teste t de Student, teste U de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. Correlações entre MI, zonulina, calprotectina, consumo alimentar e variáveis clínicas foram testadas por meio das correlações de Spearman e Pearson. Modelos de regressão linear ajustados foram usados para prever recidiva de doença após 6 e 12 meses. Resultados: As análises de alfa e beta diversidade identificaram diferenças significativas na composição da MI entre pacientes DII em remissão clínica e GC, bem como dentro do grupo DII. Com relação à permeabilidade intestinal, o grupo DII apresentou níveis mais elevados de ZF em comparação ao GC, que se correlacionaram negativamente com os níveis séricos de 25(OH)D e positivamente associados com os níveis de CF. Pacientes com DII apresentaram Lachonopiraceae inversamente correlacionados com níveis de CF e ZF, enquanto Veillonella e Suterella foram positivamente correlacionadas com CF e ZF, respectivamente. Espécies desses gêneros foram aumentadas em participantes com DII, cujas dietas eram mais pró-inflamatórias. Desequilíbrios na composição da MI, aumento de zonulina fecal e, especialmente, aumento de calprotectina fecal foram preditores de recidiva clínica de doença em 06 meses e 12 meses de seguimento. Conclusões: Foram observadas diferenças significativas na composição da MI em pacientes com DII, mesmo em remissão clínica, correlacionadas com marcadores de inflamação e permeabilidade. Os pacientes com DII também apresentaram níveis elevados de ZF e consumo de dieta pró-inflamatória. Desequilíbrios na microbiota, inflamação e permeabilidade intestinal, interconectados nesta população, foram preditores de recidiva clínica de doença os 6 meses e 12 meses de seguimento