A Montanha Mágica como paródia do gênero romance de formação: o estilo irônico de Thomas Mann

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ferreira, Daniel Reis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22123
Resumo: O intuito deste trabalho é analisar a obra A Montanha Mágica, de Thomas Mann, sob a perspectiva do gênero romance de formação (Bildungsroman). Apesar de compartilhar características com o gênero, a obra se concretiza através da ironia e da sátira, como uma paródia. O clássico de Thomas Mann segue a tradição do gênero ao apresentar a história de um jovem engenheiro chamado Hans Castorp, que viaja para o sanatório Berghof, em Davos, Suíça, para visitar seu primo Joachim, que está internado com tuberculose, e acaba tornando-se, ele mesmo, paciente. Então, sua estadia se prolonga e ele tem no período que passa nos alpes – sete anos – uma experiência vasta de aprendizado em diferentes níveis do saber intelectual e da Bildung [formação] humanística clássica. Todavia a apropriação do gênero romance de formação por Thomas Mann ao conceber A Montanha Mágica se dá num contexto histórico e literário que propicia a produção de uma obra de teor irônico, que subverte o gênero clássico, e funciona, nesse sentido como paródia. O recurso da ironia se torna, portanto, de grande importância para o sentido do romance, pois, além de estar situado no contexto pessimista e conturbado no qual a Primeira Grande Guerra irrompeu, a ironia domina a história de Hans Castorp e reformula a concepção da sua formação e do seu aprendizado, transformando a clássica superação do personagem desse tipo de romance em um fracasso trágico e improdutivo – pedagógico apenas como exemplo para o leitor. Em seu aprendizado, Hans Castorp ocupa-se com questões voltadas à existência humana, como vida, morte, amor e doença, mas tudo apenas como experiência e com uma atitude imprudente que desperta, no jovem, simpatia pela morte, enquanto seu principal tutor, Settembrini, busca afastá-lo desse lugar e tenta ensiná-lo o valor da vida. Tudo isso se passa no ambiente nebuloso do sanatório Berghof, onde a doença impera de modo absoluto e isso é representado e narrado de modo irônico e banal, chegando a constranger os personagens à escolha de resistir ou se aclimatar à montanha. Nesse contexto, os embates entre as diferentes potências pedagógicas que afetam Hans Castorp e entre a díade vida e morte são concretizadas na experiência do jovem de maneira irônica não apenas pela reformulação do gênero clássico, mas também pelo sistema irônico estruturado na narrativa e nos recursos estilísticos que constituem o romance