Fornecimento de uréia na dieta de catetos (Pecari tajacu) e uso de isótopo estável 15N como marcador para estimativa da síntese de nitrogênio microbiano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Mendes, Alcester
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
15N
NNP
NPN
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64134/tde-10062009-113522/
Resumo: A utilização racional da fauna silvestre é um processo benéfico, por resultar em vantagens econômicas e sociais, e ao mesmo tempo auxiliar no processo de conservação das espécies silvestres. Entre as espécies silvestres brasileiras com potencial zootécnico, destaca-se o cateto (Pecari tajacu), um animal que consome diversos tipos de alimentos e que produz carne e couro com elevada demanda nos mercados nacional e internacional, respectivamente. Uma característica desta espécie é a presença de um pré-estômago, onde ocorre fermentação microbiana que confere a esta espécie capacidade para digerir alimentos volumosos. Objetivou-se com o presente trabalho: (i) medir a capacidade digestiva usando doses crescentes de uréia como fonte de nitrogênio não protéico (NNP) na dieta de catetos; (ii) avaliar a eficiência da microbiota do pré-estômago de catetos em proceder à fermentação anaeróbica da dieta, através da técnica de produção de gases para diferentes doses de uréia; (iii) estimar a síntese de nitrogênio microbiano in vitro utilizando o isótopo estável 15N como marcador. O trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro foi utilizado delineamento com distribuição inteiramente aleatória, no qual as possíveis seqüências dos tratamentos (doses de uréia: 0,0; 1,0; 1,5; 2,0 %) foram atribuídas aleatoriamente em cinco ensaios com quatro animais cada. No segundo e terceiro capítulos, o delineamento empregado foi com distribuição inteiramente aleatória em arranjo fatorial 4 X 2, no qual foram utilizados quatro doses de uréia, duas fontes de inóculo (espécie animal: cateto e ovino) e cinco repetições. Os resultados para digestibilidade da MS, PB e FDN não foram influenciados (P>0,05) pelas doses de uréia, contudo, podem ter proporcionado incremento na síntese microbiana melhorando a digestibilidade da fibra. O BN cresceu linearmente com o incremento das doses de uréia (R2 = 0,97), apresentando retenção de 8,95 g dia-1 de N para maior dose e 5,22 g dia-1 de N para a dieta sem uréia, não havendo efeito significativo (P>0,01) para as perdas de N fecal e urinário. No segundo trabalho, houve produção de gases (197 mL g-1 MS) utilizando inóculo de cateto, contudo, não apresentou correlação com os tratamentos. A digestibilidade da MS (MSD), MO (MOD) e FDN (FDND) e a produção de gases em função da MSD, MOD e FDND apresentaram diferença significativa (P<0,01) para os tratamentos, havendo crescimento linear (P>0,01) para digestibilidade de FDN (R2 = 0,50) e regressão linear inversa para produção de gases em função da FDND (R2 = 0,51). A produção de gás metano em função da MS, MO, MSD e MOD utilizando inóculo de cateto, apresentou diferença significativa (P<0,01) para os tratamentos, porém com baixo coeficiente de correlação entre as doses crescentes de uréia. A síntese de nitrogênio microbiano para o inóculo de cateto, não apresentou efeito significativo (P>0,05) para os tratamentos. A produção de nitrogênio amoniacal foi significativa (P<0,01) para as diferentes doses de uréia com ajuste de regressão linear aditiva (R2 = 0,50). A produção de gases mostra que a dieta concentrada foi degradada devido à presença de microrganismos no inóculo de cateto. Estes microrganismos foram capazes de hidrolisar a uréia em amônia e esta, por sua vez, convertida em compostos nitrogenados para síntese microbiana, mostrando a eficiência da fisiologia digestiva deste animal no aproveitamento do NNP. Além disso, os resultados in vivo indicam que o pré-estômago dos catetos foi capaz de utilizar uréia como fonte NNP, podendo substituir parte da proteína dietética em sua alimentação