Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Souza, Eduardo Rumenig de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-15032022-173618/
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Resumo: |
Os serviços de entrega por bicicleta guram atualmente como uma das principais atividades laborais nas grandes cidades brasileiras. Conhecidos como green ou sustainable jobs, essa operação logística não-motorizada é responsável pela última milha na distribuição de mercadorias. Os defensores alegam que tal atividade engendra benefícios sociais, ambientais, econômicos e sanitários, uma vez que incorporam o esforço físico predominantemente aeróbio - comumente associado à promoção da saúde - à atividade laboral. Ademais, reduzem a emissão de poluentes atmosféricos e os custos de uso e ocupação do espaço urbano. Os críticos, todavia, questionam o meio e o modo no qual esses deslocamentos por bicicleta ocorrem. Particularmente na cidade de São Paulo, a ausência de infraestrutura cicloviária, a baixa qualidade socioterritorial e os elevados níveis de poluição atmosférica podem mitigar os supostos benefícios que os serviços de entrega por bicicleta promovem à cidade e à saúde dos ciclistas entregadores. Embora a bicicleta tenha adquirido maior protagonismo nos últimos anos, ainda permanece marginalizada da agenda urbana e das políticas públicas de mobilidade, o que pode deagrar riscos à saúde e a qualidade de vida dos ciclistas. Soma-se a isso condições aviltantes de trabalho, comumente precário, extenuante, informal e mal-remunerado. O objetivo, com efeito, foi etnografar a rotina laboral dos ciclistas entregadores na cidade de São Paulo, observando como o uso da bicicleta, subsumida à lógica neoliberal e num contexto urbano caracterizado por desigualdades socioterritoriais, inuencia na sociabilidade, na (re)produção do espaço urbano e na qualidade de vida dos ciclistas entregadores. Grosso modo, observou-se que o trabalho de entrega por bicicleta precariza a vida dos ciclistas, tornando-os mais vulneráveis às desvantagens da vida urbana, e restringindo o acesso dos ciclistas às oportunidades. Por outro lado, pode desvelar outras possibilidades de existência quando os ciclistas apropriam-se dos mesmos instrumentos que precarizam sua rotina laboral. A solidariedade, a empatia e a cooperação intragrupo e entre diferentes atores urbanos inscrita no trabalho de entrega por bicicleta (re)produzem espaços sociais e formas de sociabilidade que contrariam a lógica neoliberal erigida sob o individualismo, a competição, o empreendedorismo de si e a indiferença. No limite, os agentes não-humanos, como a bicicleta, o smartphones e até as mochilhas térmicas, agenciados pelos ciclistas entregadores, são capazes de inuenciar positivamente a qualidade de vida dos ciclistas e desvelar outras formas de vivê-la |