Resumo: |
A estomatite protética é uma inflamação da mucosa do tecido de suporte de próteses totais, tem um de seus fatores a colonização por Candida spp. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência, virulência e morfologia de cepas de Candida spp. isoladas de biofilmes de pacientes usuários de próteses totais com estomatite relacionado a prótese (ERP), com e sem o diagnóstico de HIV. Cinquenta e cinco usuários de próteses totais com diagnóstico de ERP foram distribuídos em dois grupos: Experimental - com diagnóstico de infecção pelo vírus HIV e Controle. O biofilme foi coletado por meio do método padronizado de ultrassonificação das próteses. A prevalência foi avaliada por meio de identificação pelo método cromógeno CHROMagar Candida e confirmação de isolados pela reação de cadeia da polimerase (PCR). Os fatores de virulência foram mensurados por meio da capacidade de formação de biofilme pela contagem de unidades formadoras de colônias (UFC/mL), do metabolismo celular pela metabolização do sal tetrazolio e da produção de proteinase e fosfolipase por kit fluorimétrico. A morfologia foi verificada por meio do teste indutor de hifas. A idade, grau de ERP, carga viral e contagem de linfócitos T-CD4+ foram coletados por formulário e, para o grupo experimental, foi avaliada a correlação entre a capacidade de formação do biofilme e ERP, carga viral e contagem de T-CD4; bem como a relação entre ERP e carga viral e contagem de linfócitos T-CD4+. Os fatores de virulência e morfologia foram comparados pelo teste t de Student, com exceção da produção de fosfolipase (C. albicans) e proteinase (não-albicans), os quais foram comparados pelo teste U de Mann-Whitney. Para a avaliação da idade, grau de ERP, carga viral e contagem de linfócitos T-CD4+, foram empregados o teste de Spearman e exato de Fisher. Foi utilizado nível de significância de 5% (α = 0,05). Os resultados da prevalência mostraram, dos 55 pacientes (22 experimental e 33 controle), um total de 63 amostras de Candida spp. isoladas, sendo 28 cepas de C. albicans e 36 cepas não albicans. Não houve diferença significante entre os grupos quanto à contagem de UFC/mL em baseline, à capacidade de formação do biofilme, ao metabolismo celular e à produção de fosfolipase; e houve maior produção de proteinase para C. albicans no controle (p=0,031) e para não-albicans no experimental (p=0,016). Quanto à morfologia, não houve diferença significante entre os grupos (Controle e experimental) (C. albicans - p=0,860; não-albicans - p=0,501). Quanto a carga viral, para o grupo experimental, foi indetectável em 13 pacientes (59%), a contagem de células T-CD4+ foi em média de 565 células por mm3, houve correlação negativa moderada entre a contagem de UFC/mL em baseline de não-albicans e ERP (ρ= -0,592, p=0,020) e não houve relação entre ERP e carga viral (p=0,1772), bem como entre ERP e T-CD4+ (p=0,3624). Concluiu-se que a C. albicans foi a espécie mais isolada, que não houve diferença quanto às cepas de Candida spp. de usuários de próteses totais com ERP com e sem o diagnóstico de HIV para os fatores de virulência (exceto para produção de proteinase) e morfologia. |
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