Antônio José da Silva: uma dramaturgia de convenções

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rosa, Carlos Junior Gontijo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-26062017-100134/
Resumo: Esta Tese analisa as peças mitológicas do dramaturgo setecentista Antônio José da Silva, o Judeu, fortemente devedoras da tragicomédia espanhola do século XVII, a partir das quais se aventam elementos para a leitura do texto dramático: a leitura híbrida, lançando mão de elementos dos estudos teatrais e literários, a contextualização histórica, para evitar anacronismos, e a construção de personagens, vista como pedra de toque da relação entre Literatura e Teatro. Por se tratar de textos distantes temporal e estilisticamente do leitor contemporâneo, é incentivado o uso da imaginação para reconstrução da cena intuída no texto. A reflexão acerca das peças é dividida em duas Jornadas, complementares entre si, mas separadas por conta de sua extensão e variedade da pesquisa. Na Primeira Jornada, a dramaturgia de Antônio José é vista inserida no contexto histórico-cultural em que foi produzida para tanto, são cotejadas as diferentes releituras dos mitos greco-romanos e as preceptivas coetâneas do autor. Inicialmente, são apresentadas as diferentes preceptivas tragicômicas desenvolvidas na Europa seiscentista, a fim de estabelecer pontos de contato e referência no corpus da pesquisa. A partir de extensa consulta em material das bibliotecas portuguesas, é traçada uma hipótese acerca do caminho de construção das personagens mitológicas até os textos do Judeu. Cada uma das cinco peças é analisada separadamente. O foco desta análise é a intriga principal ou seja, a parte trágica da tragicomédia e as personagens que a compõem, em sua maioria extraída da literatura mitológica greco-latina. A Segunda Jornada tem como foco a construção da intriga secundária o componente cômico que completa uma análise da tragicomédia em suas partes , cuja luz sobre tais textos é lançada através de recentes perspectivas de interpretação dos textos dramáticos, desenvolvidas por um grupo de pesquisadores espanhóis acerca do teatro do Século de Ouro. Desta análise, depreendem-se alguns aspectos relevantes para a leitura dos textos do Judeu. A análise revela um ganho de importância da intriga secundária em relação à intriga principal, chegando, nas últimas peças do autor, a interferirem no enredo protagonista mas nunca se destacando mais do que este. Para o estudo dos graciosos e criadas (graciosas), que constituem a intriga secundária, é utilizada uma lista de funções valorativas do discurso das personagens, tendo como referente o protagonista de cada peça. Outra característica da intriga secundária das peças de Antônio José é sua independência em relação à principal, o que levou à criação de mais uma função, agregada às já desenvolvidas pelos pesquisadores espanhóis. Assim, são analisadas separadamente cada uma das peças mitológicas do Judeu, evidenciando a participação da intriga secundária e das personagens baixas na composição estrutural e no estabelecimento de uma unidade de interesse que atenda ao gosto do público. Por fim, à guisa de conclusão, é elaborada uma discussão conceitual acerca de elementos fulcrais para a leitura e análise destes e de outros textos dramáticos: a leitura híbrida, a contextualização histórica e a construção de personagens.