Clima e mortalidade: uma abordagem observacional ecológica na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Pinheiro, Samya de Lara Lins de Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-27022014-144116/
Resumo: INTRODUÇÃO: Em um cenário de mudanças climáticas, o delineamento da associação e dos mecanismos de efeito entre fatores de risco ambientais, como temperatura e poluição, e saúde tornou-se foco de diversos estudos epidemiológicos. À medida que a exposição à poluição e às condições meteorológicas ocorre de forma simultânea, além do efeito isolado, devemos buscar compreender a interação entre tais fatores, observando se atuam como modificadores de efeito. O presente estudo caracterizou o efeito da temperatura e da poluição do ar, isolado e sinérgico, na mortalidade, a partir de dados secundários. MÉ- TODOS: Três tipos de metodologias foram aplicadas para avaliar a associação isolada da temperatura média e da concentração média diária de poluentes (MP10, NO2, O3) na mortalidade de indivíduos acima dos 40 anos por doenças cardiovasculares e na mortalidade de indivíduos acima dos 60 anos por doenças respiratórias, na cidade de São Paulo - Brasil entre 1998 e 2008. As estimativas de risco relativo produzidas em análises case-crossover com pareamento temporal bidirecional e com pareamento pelo fator confundidor, i.e. temperatura média ou poluente, foram comparadas aos resultados de uma análise tradicional de séries temporais. Para avaliar o efeito sinérgico entre os fatores de risco, interpretamos representações gráficas de superfícies geradas em modelos bivariados. RESULTADOS: Não foram observadas diferenças entre os resultados das análises case-crossover e da análise de séries temporais. Para mortalidade cardiovascular, estimou-se uma mudança percentual no risco relativo devido a um aumento de 10 ug/m3 na concentração do MP10 e do NO2, respectivamente, de 0,85% (0,45-1,25) e 0,26% (0,04-0,48). O aumento percentual no risco de mortalidade respiratória foi de 1,60% (0,74-2,46) e 1,29% (0,46-2,12), respectivamente para MP10 e O3. O efeito da temperatura foi analisado através das funções ajustadas para parametrizar sua relação com a mortalidade. O padrão observado para mortalidade cardiovascular foi de U-shaped. Para mortalidade respiratória foi de J-espelhado, identificando maior risco relativo em temperaturas altas. As análises case-crossover confirmaram que a associação positiva parametrizada para os poluentes não sofre confusão da temperatura, bem como a curva parametrizada para a temperatura não sofre confusão dos níveis de poluentes na análise de séries temporais. As figuras 3D produzidas pelo modelo bivariado ilustraram a dinâmica interativa entre os fatores de risco. O efeito na mortalidade cardiovascular é positivo em baixas concentrações de NO2 e de O3 combinadas com baixas temperaturas. A dimensão deste efeito é comparável ao efeito de altas concentrações em altas temperaturas. Para mortalidade respiratória, a combinação dos fatores mostra um padrão intuitivo de simples somatória dos efeitos. CONCLUSÕES: Métodos analíticos, como o método case-crossover, com controles mais intrínsecos do que parametrizações para variáveis confundidoras, produziram estimativas de risco relativo na mortalidade semelhantes às geradas na análise tradicional de séries temporais. A simultaneidade de exposição a diferentes níveis de fatores ambientais, como temperatura e poluição, pode gerar condições de efeito combinado tão preocupantes quanto as previstas para extremas concentrações