Processos interacionais, trabalho de mediação e transformações em direção à cultura escrita: uma experiência de alfabetização em tempos de ensino emergencial remoto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Clara, Regina Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-25102022-122422/
Resumo: Durante a pandemia de COVID-19, que assolou o mundo nos anos 2020-2021, atuei como voluntária em um projeto educacional voltado a alunos matriculados no 1º ano de uma escola pública do Jardim Lapena, em São Miguel Paulista, distrito da zona Leste, região periférica da cidade de São Paulo. Foi nesse contexto que, ao longo de dezoito meses, duas vezes por semana, utilizei, durante cerca de uma hora, a ferramenta de videochamada WhatsApp, pelo telefone, para proporcionar um espaço no qual eu pudesse atuar como professora em modalidade de ensino emergencial remoto, de modo que uma criança não fosse tão prejudicada no seu processo de aprendizagem devido o isolamento social imposto pela pandemia. A dissertação narra meu encontro com um menino nomeado como G., com seis anos de idade, à época do início da coleta dos dados. O objetivo geral do trabalho é narrar o percurso durante o qual ocorreu um processo de alfabetização de G., de modo a analisar as características do processo interlocutivo por meio do qual ele adquiriu a cultura escrita em contexto de ensino emergencial remoto. Os objetivos específicos são: 1) Descrever o processo por meio do qual uma criança com idade inicial de seis anos passou a se relacionar com a cultura escrita, analisando as transformações ocorridas, ao longo de dezoito meses, na relação estabelecida entre o participante e a sua palavra; 2) Discutir a importância do trabalho de mediação da literatura infantil para a aquisição da cultura escrita; e 3) Elencar os indícios que permitem inferir que, mesmo em caráter emergencial remoto, a criança pôde adotar a posição de aluno, transformando sua relação com a rotina, tempo, espaço e interlocutores. Ao longo do período relatado nesta dissertação, G. e eu realizamos 83 encontros, totalizando pouco mais de 100 horas de trabalho. Nesse tempo, lemos 52 livros de literatura infantil. Até então, G. não tinha experiência prévia de leitura. No início do processo, a relação de G. com a palavra era frágil, pois tinha dificuldade de se constituir como locutor. Após dezoito meses de encontros e interlocução na esfera remota, ele compreendeu o princípio alfabético. Além disso, participou de diversas situações de leitura e escrita, conhecendo diferentes contextos e motivos que levam a essas práticas sociais.