“Os brancos não falam a verdade contra mim. Porque ele é homem e não havia de passar o trabalho que as fêmeas passam”: Maria Rita e a interseccionalidade na experiência de mulheres escravizadas (Comarca de Rio Pardo, século XIX)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Bruna Letícia de Oliveira dos
Orientador(a): Moreira, Paulo Roberto Staudt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Escola de Humanidades
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9525
Resumo: A escrita desta dissertação foi movida pelo questionamento de como gênero é construído socialmente para mulheres negras e como foi vivido por estas mulheres na História. Buscamos construir respostas a partir da análise dos processos-crime que envolveram escravizadas na comarca de Rio Pardo, Rio Grande do Sul, durante o século XIX, através do estabelecimento de relação entre gênero, raça e condição jurídica na experiência de mulheres escravizadas. No levantamento das fontes e no processo de estruturação do trabalho a experiência de Maria Rita, uma preta mina-nagô que viveu a maternidade do lugar de sujeito mulher negra sob o status jurídico da escravização, se tornou condutora de nossa abordagem teórico-metodológica e histórica. A sua experiência nos apresentou as intersecções do lugar de mulher que ocupava naquela sociedade escravista, por vezes Maria Rita foi mediadora entre dois mundos: o escravizado e aquele onde as imposições da escravização não eram reconhecidas devido à sua origem africana. Assim, a interseccionalidade foi elemento chave ao longo do estudo e se apresentou na análise em diferentes perspectivas. Inicialmente a utilizamos como ferramenta metodológica para pensarmos mulheres negras nas pesquisas historiográficas. Neste sentido, os cruzamentos entre gênero, raça e condição jurídica nos informaram a mulher negra como categoria analítica no campo dos estudos de gênero sobre a escravização. Contudo, com o foco de análise nas mulheres, percebemos a interseccionalidade como experiência vivida na História, conformada pela estrutura de dominação escravista específica para a exploração de mulheres negras como trabalhadoras escravizadas, constituída pelo gênero racializado como pilar interseccional do sistema. E pelo movimento das próprias mulheres no sentido de preservação, recriação e continuidade de humanidade.