Dimensões tradicionais nas cartas de casal pernambucanas do século XX : uma conexão entre o litoral e o sertão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: MELO, Helder Aquino de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/8634
Resumo: O objetivo desta pesquisa é verificar como as dimensões tradicionais da composição, do tema e do modo de dizer imperativo de segunda pessoa delineiam a natureza da carta de casal do litoral e do sertão de Pernambuco, considerando os perfis dos missivistas, a historicidade da língua e do gênero. Busca-se, especificamente, (1) perceber as semelhanças e particularidades presentes na tradicionalidade composicional das cartas de casal do litoral e do sertão pernambucanos; (2) identificar as características da tradicionalidade temática na constituição do subgênero carta de casal do litoral e do sertão pernambucanos; (3) verificar a recorrência e os efeitos de sentido do imperativo de segunda pessoa como um modo tradicional de dizer na constituição das cartas de casal do litoral e do sertão pernambucanos. O presente estudo traz um panorama que parte do início dos estudos sobre o modelo de tradição discursiva postulado por Coseriu (1956; 1960; 1978; 1981) e Koch (1997), aos estudos mais atuais feitos por Kabatek (2006; 2015), Longhin (2014), Zavam (2009), Andrade e Gomes (2018) e em correlação com a perspectiva sócio-histórica com base em Conde-Silvestre (2007), Robinson (1972), Martelotta (2011), Mendonça (2016) e Silva (2008). Para a análise das três dimensões, o corpus é formado por 80 cartas de casal, sendo 40 cartas do sertão (1972-1977) e 40 cartas do litoral (1949-1950). No tocante à dimensão do modo de dizer imperativo de segunda pessoa, selecionamos grupos de fatores linguísticos (formas imperativas e a polaridade da estrutura) e sociais (sexo e localidade), tendo como variável dependente as formas imperativas (direta e indireta) e como variáveis independentes as funções pragmáticas do imperativo de segunda pessoa (pedido, conselho, ordem, advertência, marcadores conversacionais), a polaridade da estrutura (imperativo afirmativo e imperativo negativo), o sexo (masculino e feminino) e a localidade (litoral e sertão). O levantamento dos dados foi feito com o auxílio do Goldvarb X, ferramenta que permite, por meio de rodadas dos dados codificados, quantificar as ocorrências das formas imperativas. Discussões anteriores acerca do modo imperativo feitas por Scherre (1998; 2007), Rumeu (2016; 2019), Lima (1995) e Silva (2018b) mostram que as nuances no emprego deste modo verbal estão inteiramente relacionadas ao nível de intimidade entre os interlocutores. A pesquisa realizada contribui com os estudos da área, fazendo uma análise contrastiva entre as marcas linguísticas do litoral e do sertão de Pernambucos, a partir dos perfis dos missivistas selecionados, da historicidade da língua e do gênero, com base no modelo das tradições discursivas, uma vez que observa que houve, de acordo com os fatores sociais analisados, semelhanças nas escolhas linguísticas feitas pelos missivistas pernambucanos, pois, mesmo sendo de localidades diferentes, utilizam estratégias semelhantes e recorrentes, evocadas nas cartas de casal selecionadas, com efeito de tradições discursivas.