Uma análise discursiva da escrevivência de Carolina Maria de Jesus na obra quarto de despejo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Suelen Wanderley de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/8640
Resumo: Realizamos nessa dissertação um estudo que, ao eleger como aporte teórico a análise do discurso, buscou ir além da seleção de termos, objetivando alcançar o social, ou seja, que não focou apenas na elaboração dos escritos, mas que extrapolou o texto com o intuito de auxiliar na quebra do secular silêncio que calou, e ainda cala mulheres negras que fazem do papel, do discurso e da literatura meios para revelar-se, e procuram descortinar, pela palavra, o seu estar e ser negra no mundo. Para isso, buscando compreender a obra escrita por Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo: diário de uma favelada, nos utilizamos da proposta de Fairclough, para quem o discurso é um modo de representação e ressignificação do mundo e das pessoas, sendo uma prática social e não individual. Logo, a Análise de Discurso Crítica (ADC) constitui-se como a base para um estudo que busca investigar a mulher negra na literatura, pois tem em seus pressupostos uma perspectiva teórico-metodológica para análises linguísticas e socialmente orientadas. Ademais, nos utilizamos da noção de necropolítica proposta por Achille Mbembe (2018), para quem o Estado, em sua soberania, tem o direito de escolher quem pode viver e quem pode morrer; dos estudos de Spivak (2010) sobre subalternidade, situação que afeta de forma geral as pessoas negras e de forma mais contundente o gênero feminino; consultamos também o trabalho de outros teóricos decoloniais que contribuíram com a análise, assim como as vozes feministas negras como bell hooks, Lélia Gonzalez e Conceição Evaristo. Para a metodologia, nos apoiamos na pesquisa qualitativa proposta por Minayo. Dentre as categorias de análise textual propostas pela ADC, serão retratados vocabulário e gramática, tentando compreender as escolhas lexicais feitas por Carolina em seu diário e com quais sentidos elas foram empregadas, além de abordar as condições socioeconômicas em que Carolina viveu e a importância da leitura e da escrita em sua vida. No que se refere à segunda categoria do modelo de análise tridimensional de Fairclough – denominada prática discursiva – analisamos a relação entre linguagem e sociedade, considerando-se o contexto vivido por Carolina. Na terceira categoria analítica de Fairclough – a prática social, abordamos questões ideológicas e hegemônicas. No entanto, entendemos que a categorização não esgota a análise, pois buscamos ultrapassar a descrição, propiciando uma análise crítica de realidades de injustiças e desigualdades para, assim, contribuirmos na promoção de uma mudança social.