Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Moreira, Ofélia Regina Bravin |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/244699
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Resumo: |
A história de Carolina Maria de Jesus ainda não é bastante conhecida do público brasileiro, nem mesmo daqueles que hoje produzem ou consomem a literatura considerada marginal. Entretanto, a representatividade de sua obra para as vozes que continuam silenciadas é fundamental como precursora e incentivadora. Moradora de uma favela no Canindé, zona norte de São Paulo, Carolina conheceu o jornalista Audálio Dantas em uma das visitas que este fazia ao local. Esta aproximação resultou na publicação dos seus diários, em que descrevia como ninguém o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Mulher e negra, a autora é uma das pioneiras da Literatura Negra. Protagonista de sua história, trazia em seu discurso a resistência e o enfrentamento ao poder, a fim de superar os códigos que sustentavam a desigualdade social no país. Carolina tinha a plena consciência de que era uma escritora e de que tinha algo a dizer do locus onde se encontrava. Desta maneira, foi importante observar como essas vozes periféricas foram se tornando visíveis por meio de Carolina, na década de 50, até a autora ser silenciada pela mídia, no período ditatorial. Assim, o corpus, objeto de análise desta pesquisa, são os fragmentos discursivos de Carolina Maria de Jesus no livro Quarto de Despejo: diário de uma favelada, tendo como objetivos: identificar o contexto histórico-social de onde a autora produz seu discurso, analisar, por meio da escrita de si, sua autoconstrução como escritora/autora/poetisa mesmo contrariando o status quo, investigar como a mídia recebeu a escritora e sua obra em 1960, depois como a silenciou e a retoma a partir da década de 80. O referencial teórico-metodológico desta pesquisa alicerçou-se nos Estudos Discursivos Foucaultianos (arqueogenealogia) que traz em seu arcabouço teórico conceitos fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa, como as noções de sujeito, a construção de subjetividades por meio da escrita de si e as relações com o saber e o poder para entender quem era Carolina, de onde ela produzia seu discurso e porque o discurso desta autora carrega tamanha força que mesmo sendo invisibilizado por um período, retorna na atualidade. Acreditamos que, após analisarmos o discurso da escritora Carolina Maria de Jesus, a sociedade e a mídia, como estudado em Foucault, buscam controlar, invisibilizar e silenciar os sujeitos que não detêm o poder. Carolina mostrou o quão a literatura (escrita de si) foi importante em sua vida sob dois aspectos: o de ressignificação de verdades que constituíram uma nova Carolina, assim como o ato da denúncia ao retratar a violência, a miséria, a fome, a desumanidade que é a vida em um ambiente abandonado pelo Estado e pela sociedade, como a favela. |