Evolução paleoambiental de região com ocorrência do processo de arenização : contribuição para o deciframento genético de ambientes quaternários em Quaraí-RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Mateus Gleiser
Orientador(a): Suertegaray, Dirce Maria Antunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
OSL
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/247647
Resumo: Suertegaray (1987) define os areais, enquanto manchas de areia expostas e retrabalhadas na atualidade por processos naturais, em particular o escoamento superficial concentrado e a deflação de vento, correspondem a feições que representam ambientes de um passado recente (Pleistoceno e Holoceno). A autora identifica diferentes depósitos superficiais vinculados a este passado recentes, sendo elas uma unidade fluvial pleistocênica (Cati) vinculada a um clima úmido e uma unidade eólica holocênica (Areal) vinculada um ressecamento climático. As manchas arenosas (areais) representariam, junto com os aluviões atuais, um último momento de volta de condições úmidas no holoceno. Ao descrever estes depósitos e o panorama de mudança climática a autora contudo não traz dados de datação absoluta para ordenar uma cronologia de eventos. O presente trabalho tem como objetivo então a investigação destes depósitos superficiais recentes vinculados a áreas com processo de arenização, mais especificamente as unidades Cati, Areal, aluviões atuais e areais, para realizar a cinemática recente da paisagem apoiada em dados de datação absoluta. A área de estudo escolhida foi a janela de Botucatu no município de Quaraí/RS, contento as bacias dos arroios Areal e Cati. As bases metodológicas para o desenvolvimento do trabalho são adaptadas da proposta de geomorfologia tripartite de Ab’Saber (1969) para os estudos sobre Geomorfologia do Quaternário. Se iniciou a compartimentação geomorfológica da janela de Botucatu em estudo através de fotointerpretação por interpretação visual em par estereoscópico de aerofotografias 1:60.000. São identificadas formas dos compartimentos geomorfológicos e a espacialização dos depósitos superficiais Cati (A) e areal (B), depósitos aluviais e areais em análise nesta tese. Foi realizado trabalho de campo na área de estudo com o intuito de validar a cartografia base e realizar as coletas e descrições necessárias para o seguimento do trabalho. Para caracterização dos depósitos quaternários se realizaram as seguintes análises: 1) análise granulométrica via separação de pipetagem e peneiramento de acordo com os intervalos de Wentworth; 2) análises morfométricas corresponde à identificação da esfericidade, arredondamento e textura presentes na superfície de cada grão obtidas com o uso de lupa binocular e comparação visual; 3) identificação em campo de fácies sedimentares de acordo com o proposto por Miall (1977); 4) Datação por luminescência opticamente estimulada através do protocolo SAR com 10 alíquotas; 5) aplicação de técnica de difração de raios-x; 6) aplicação de técnica de espectrometria de fluorescência; 7) Aplicação do Índice Químico de Alteração como medida do intemperismo químico sobre sedimentos clásticos. Os resultados encontrados neste trabalho permitem concluir as seguintes questões: A Unidade Cati (A) é identificada como uma unidade colúvio-aluvial, e tem o início de sua gênese datada para a passagem do pleistoceno médio para o superior, aos 122.590 +- 13.180 anos A.P., e continuada de forma diacrônica durante episódios interglaciais úmidos (EIM 5, 3 e 2). A última datação encontrada da unidade Cati se relaciona ao último máximo glacial, aos 19.750+- 1.870 anos A.P. Os períodos úmidos do pleistoceno são marcados por grandes eventos de movimentos de massa dos colúvios estocados nas encostas, depositando-se nas áreas deprimidas, misturando-se a depósitos aluviais e configurando prováveis bajadas. A unidade Areal tem seu início durante a passagem pleistoceno para o holoceno, aos 13.660+-1.230 e 11.000 +- 1.030 e é continuada de forma diacrônica durante episódio neoglacial seco do holoceno, aos 4.500+-260 anos A.P. Este período seco é marcado por depósitos de dunas relacionados a unidade Areal (B), ancorados nas vertentes de morros testemunhos e encostas. Parece fazer sentido a maioria dos depósitos eólicos hoje serem encontrados em área de interflúvio marcada por morros testemunhos como divisores de água. Os períodos úmidos do holoceno são bem representados pela formação de depósitos aluviais, com início aos 1.730 ± 135 anos A.P. e momentos de pedogênese aos 1.850 ± 150. A unidade Areal, de acordo com a datação tem o início de sua exumação ao redor dos 775+-55 anos A.P., época sugerida para o início dos areais, embora se obtenha idades muito recentes das manchas arenosas, com aproximadamente 140+-45 e 100+-15 anos A.P.