Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Secchi, Thaís Leite |
Orientador(a): |
Bianchin, Marino Muxfeldt |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/229373
|
Resumo: |
Base teórica: A epilepsia é uma doença neurológica frequente, caracterizada por uma predisposição para gerar crises epilépticas espontâneas e tem inúmeras consequências neurobiológicas, cognitivas e psicossociais. A epilepsia do lobo temporal mesial associada à esclerose hipocampal (ELTM-EH) é a epilepsia focal mais comum em adultos e a neurocisticercose (NCC), causada pela infeção da Taenia solium no sistema nervoso central (SNC), é um dos agentes etiológicos mais comuns de epilepsia focal. A patogênese da ELTMEH não é completamente elucidada, sendo a teoria mais aceita de o dano hipocampal estar associado a um insulto precipitante inicial (IPI). Os IPIs mais estudados são traumatismo craniano, crise convulsiva febril prolongada e infecções bacterianas e virais do SNC. Recentemente, estudos têm sugerido uma possível relação entre NCC e ELTM-EH e que a infeção pelo cisticerco no SNC pode atuar como um IPI, contribuindo para o desenvolvimento da ELTM-EH. Objetivo: Estudar a prevalência de NCC, suas características e uma possível associação entre NCC e ELTM-EH em uma coorte de pacientes com epilepsia. Métodos: Neste estudo, foi realizado revisão dos prontuários de 731 pacientes com epilepsia acompanhados no ambulatório de epilepsia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), durante o período de 2019 e 2020. Neste ambulatório, todos os pacientes são atendidos pelo menos uma vez por ano e, portanto, todos os pacientes com diagnóstico de epilepsia que estão em acompanhamento foram incluídos neste estudo. Foram estudados os aspectos clínicos, eletrofisiológicos e de neuroimagem desses pacientes. Resultados: De 731 pacientes, 42 (5,75%) tinham NCC. As lesões de NCC foram mais frequentes em mulheres, ocorrendo em 33 (78,6%) pacientes do sexo feminino e somente em 09 pacientes do sexo masculino (21,4%) (p=0,001). A NCC ocorreu com frequência significativamente maior em pacientes que começaram com epilepsia mais tarde na vida (p=0,025), em pacientes mais velhos (p<0,001) e em pacientes que tiveram mais tempo de epilepsia (p=0,015). Uma causa pós-infecciosa de epilepsia que não NCC foi observada em 45 (6,2%) pacientes. Outras causas de epilepsia focal foram epilepsia pós-AVC, observada em 36 (4,9%) pacientes, e epilepsia associada à malformação vascular, observada em 10 (1,4%) pacientes. Dos 731 pacientes, 93 (12,7%) apresentaram ELTM-EH, sendo que a NCC estava presente em 25 (26,9%) desses pacientes. Dos 638 pacientes com outros tipos de epilepsia exceto ELTM-EH, NCC foi observado em apenas 17 (2,7%) deles. Essa proporção foi quase dez vezes menor do que a proporção de NCC observada em pacientes com ELTM-EH (O.R.=14,29; IC 95%=7,13-33,33; p<0,0001). Conclusão: Esse estudo demonstra uma associação significativa de NCC e ELTM-EH, uma observação que concorda com a hipótese de que a infecção pelo cisticerco no SNC pode contribuir com o desenvolvimento de ELTM-EH em muitos pacientes. Desse modo, em áreas endêmicas para NCC, os pacientes com epilepsia devem idealmente ser avaliados por meio de tomografia computadorizada (TC) de crânio, para investigação de lesões calcificadas de NCC (NCCc), e com ressonância magnética (RM) de crânio, para investigação de esclerose hipocampal (EH), além da avaliação dos aspectos clínicos e do exame eletroencefalográfico. |