Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Santos, Mariane dos |
Orientador(a): |
Veronese, Francisco José Veríssimo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/189251
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Resumo: |
Introdução: A nefrite lúpica (NL) é uma manifestação grave do lúpus eritematoso sistêmico (LES), que pode levar à perda de função renal e necessidade de terapia renal substitutiva. O modelo animal de NL induzido por pristano reproduz a doença humana, em que se detectam autoanticorpos causando glomerulonefrite com padrão proliferativo e inflamatório, e a presença de estresse oxidativo exacerbado e de aumento da produção de marcadores pró-fibróticos. A quercetina e a melatonina são substâncias naturais que podem ser potenciais alternativas para o tratamento da NL, devido ao seu efeito antiinflamatório, antioxidante e anti-fibrótico. Objetivos: Avaliar o efeito protetor da quercetina e da melatonina em camundongos induzidos por pristano sobre a proteinúria, marcadores de inflamação, de estresse oxidativo, de apoptose e de fibrose sobre a injúria estrutural e molecular das células epiteliais podocitárias do glomérulo renal. Métodos: Camundongos BALB/c (fêmeas) com 60 dias de vida foram alojados em sala com temperatura controlada (25ºC), na Unidade de Experimentação Animal (UEA) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Todos os procedimentos foram conduzidos de acordo com o "Guia para o Cuidado e Uso de Animais de Laboratório". O modelo animal de NL foi induzido por uma única injeção intraperitoneal de pristano (PT). O tratamento com melatonina iniciou um dia após a indução e com a quercetina após 30 dias da indução (PT-M e PT-Q, respectivamente) Após 180 dias da indução, os animais foram eutanasiados e os rins removidos. A análise morfológica para evidenciar lesão renal compatível com NL foi realizada com hematoxilina-eosina e ácido periódico-Schiff. Foi atribuído um escore de inflamação glomerular e tubular, descrito em porcentagem (%). Imunofluorescência e ensaios bioquímicos foram utilizados para avaliar a expressão de marcadores de inflamação (IL-6; fator de necrose tumoral-α, TNF-α), de estresse oxidativo (CAT e SOD1 antioxidantes e TBARS pró-oxidante), de apoptose (Bax) e de fibrose (TGF-β1 e colágenos I e III). A ultraestrutura glomerular e tubular foi avaliada por microscopia eletrônica (ME), e a expressão tecidual do RNA mensageiro (RNAm) de podocina, podoplanina e α3β1-integrina foram quantificados pela reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real para os camundongos tratados com quercetina. Resultados: Os camundongos induzidos com pristano desenvolveram lesões compatíveis com NL, apresentando infiltrado inflamatório, proliferação de células endocapilares, extracapilares e mesangiais, achatamento dos pedicelos dos podócitos, descolamento da borda em escova das células tubulares e mitocôndrias anormais com ruptura de cristas. Em relação aos camundongos controle (C), o grupo PT mostrou aumento da proteinúria no sexto mês (PT: 57,0±17,2 vs. C: 6,6±2,4 mg/dL; p=0,012), maior escore de inflamação (%): 7,42(5,31-8,43) vs. 0,51(0,35-2,42); p<0,001, e expressão aumentada de marcadores pró-fibróticos (p=0,009), de apoptose (p=0,009) e pró-oxidantes (p=0,001), assim como redução de antioxidantes (p=0,001) Na ultraestrutura, foram observados achatamento dos pedicelos dos podócitos, células mesangiais apoptóticas e mitocôndrias anormais com ruptura de cristas, juntamente com supressão dos RNAm de podocina (p<0,001), podoplanina (p=0,009) e α3β1-integrina (p=0,005). O tratamento com quercetina induziu nefroproteção no grupo PT-Q quando comparado ao PT, em que foi observado redução significativa na proteinúria (3,4±2,0 mg/dL, p<0,001), no escore de inflamação [4,23(2,12-6,94), p=0,041], na expressão de IL-6 (p=0,016), TNF-α (p=0,007), TGF-β1 (p=0,003) e Bax (p=0,006). A quercetina também aumentou significativamente a expressão de CAT (p=0,001) e SOD1 (p=0,003). Adicionalmente, observou-se recuperação parcial da ultraestrutura renal na ME, e maior expressão do RNAm de podocina (p<0,001) (mas não de podoplanina e de α3β1-integrina), em relação aos níveis encontrados no grupo C. Nos grupos da melatonina, o grupo PT apresentou escore de inflamação maior em relação aos camundongos controle (C) (3,49% vs. controle 0,83%; p<0,05), índice de deposição de colágeno total (2,50% vs. 0,20%; p<0,05), redução da expressão das enzimas antioxidantes (SOD1: p=0,003; CAT: p=0,012) e aumento na expressão de IL-6, de Bax e de TGF-β1 (p<0,05 para todos) Comparado aos camundongos induzidos com pristano, o grupo tratado com melatonina apresentou redução no escore de inflamação (3,49% vs. 1,2%; p<0,05), no índice de fibrose intersticial (2,50% vs. 0,36%; p=0,018), aumento da expressão de enzimas antioxidantes (SOD1: p=0,008; CAT: p=0,001) e redução na expressão de IL-6, de Bax e de TGF-β1 (p<0,05 para todos). Um menor grau de achatamento dos pedicelos dos podócitos, do espessamento da membrana basal e menor lesão mitocondrial foram observados na ME no grupo tratado com melatonina. Conclusão: Esses resultados fornecem evidências de que a quercetina e a melatonina restauram parcialmente as alterações estruturais da NL no modelo de camundongos induzido por pristano, modulando a inflamação, o estresse oxidativo, a apoptose e os marcadores pró-fibróticos, assim como a expressão do RNAm das proteínas do podócito e sua ultraestrutura. Com base nesses achados, consideramos que essas substâncias naturais podem ser uma estratégia terapêutica alternativa para minimizar a lesão renal da NL. |