Imigração, atrito e complexidade : a produção das oclusivas surdas iniciais do inglês e do português por sul-brasileiros residentes em Londres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Kupske, Felipe Flores
Orientador(a): Alves, Ubiratã Kickhöfel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
VOT
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/134301
Resumo: A pesquisa em Atrito linguístico de L1 tem testemunhado um desenvolvimento desde os anos 80. No entanto, ainda são poucos os estudos acerca do português brasileiro (PB) e imigrantes brasileiros em comunidades de L2 dominante. Assim, partindo de uma visão da linguagem como um Sistema Adaptativo Complexo (CAS) (e.g., LARSENFREEMAN; CAMERON, 2008; BECKNER et al. 2009;. MERCER, 2013), este estudo investigou a produção das plosivas surdas do PB-L1 e do Standard Southern British English-L2 (SSBE) por imigrantes adultos do Sul do Brasil residentes em Londres, testando os efeitos dos primeiros dez anos (tempo de residência - LOR) na comunidade britânica. Usando um desenho transversal, este estudo explorou a produção de plosivas surdas em posição inicial de palavra de trinta e dois participantes, com idades entre 18-40: imigrantes brasileiros que viviam em Londres durante períodos de tempo variados (chegada no Reino Unido com idade > 18 anos), monolíngues do SSBE e monolíngues do BP. Os alvos do BP /p/, /t/ e /k/ foram apresentados na frase-veículo “Eu Diria _______”. Os alvos para o SSBE foram apresentados na frase “I would say_______”. Os alvos em posição inicial de palavra foram gravados aleatoriamente três vezes por cada participantes. Para a produção SSBE-L2, os resultados mostraram que falantes com um LOR entre zero e três anos diferem dos controles SSBE (p <0,05) para todas as três plosivas surdas inglês britânico. Imigrantes com um LOR entre quatro e sete anos também diferem dos controles (p<0,05) para [p] e [t], mas não divergem para [k] (p>0,05). Aqueles que residem em Londres entre oito e onze anos não apresentaram diferenças em relação aos monolíngues do inglês britânico (p>0,05), e apresentaram os maiores valores médios de VOT. Em relação à produção do VOT para o PB-L1, a produção dos participantes com o menor período de tempo em Londres não era diferente da dos monolíngues do PB. Por outro lado, imigrantes com um LOR entre quatro e sete anos produziram valores de VOT diferentes dos produzidos pelos controles para [t] e [k], apresentando valores médios mais elevados (p <0,001), mas não para a [p] (p>0,05). Finalmente, os imigrantes que eram residentes em Londres entre oito e onze anos revelaram diferenças em relação aos controles do PB, apresentando os maiores valores de VOT (p <0,001) para todos os sons plosivos considerados. Esses resultados fornecem evidência para o atrito linguístico de L1 enfrentado pelos falantes nativos do PB (shortlag VOT) imersos em uma comunidade de L2 dominante (long-lag VOT), bem como para o efeito de LOR, já que os valores de VOT tendem a aumentar em função do tempo de residência. Esses dados confirmam, como previsto por uma visão da linguagem como um CAS, que o sistema de L1 não é rígido e pode mudar durante o tempo de vida de um falante. Nossos resultados sugerem que as línguas naturais dependem de uma variedade de agentes, além de serem adaptativas e sujeitas a constantes mudanças.