A produção da vogal átona final /e/ por porto-alegrenses aprendizes de espanhol como segunda língua (L2) : uma investigação sobre atrito linguístico em ambiente de L2 não-dominante

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santos, Bruna da Rosa de Los
Orientador(a): Alves, Ubiratã Kickhöfel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/172912
Resumo: Através desta pesquisa, investigamos efeitos de atrito linguístico (influência da L2 sobre a L1), a partir da produção da vogal átona final /e/ por porto-alegrenses (RS, Brasil), aprendizes de Espanhol como Segunda Língua (L2). Com este propósito, analisamos a produção desta vogal em ambas as línguas dos aprendizes, verificando, mais especificamente, seus padrões acústicos (os valores de F1 e F2, que dizem respeito à altura e à anterioridade da língua, respectivamente, bem como os valores de duração absoluta e relativa) em comparação à produção de monolíngues de Espanhol (variedade de Montevidéu/Uruguai) e de Português Brasileiro (variedade de Porto Alegre – RS/Brasil). Portanto, contamos com três grupos distintos de participantes: (a) um grupo de monolíngues falantes de Espanhol (Grupo Controle 1); (b) um grupo de monolíngues do Português Brasileiro, nativos da grande Porto Alegre/RS (Grupo Controle 2); e (c) um grupo de aprendizes avançados de Espanhol como L2 (Grupo Experimental). Levantamos as seguintes hipóteses de pesquisa: (i) haverá diferença significativa nos valores das frequências formânticas (F1 e F2) e no padrão duracional das produções vocálicas entre as línguas dos bilíngues (Português/L1 e Espanhol/L2), sendo que a vogal /e/ em Espanhol/L2 será mais baixa (menor F1 – em Bark), mais anterior (menor F2 – em Bark) e mais longa (duração absoluta e relativa) do que em Português/L1 (CÂMARA Jr., 1970; CALLOU, MORAES, LEITE, 1996, 2002; VIEIRA, 2002; BISOL, 2003; BATTISTI & VIEIRA, 2005; REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2011; SILVA, 2012; SANTOS, RAUBER, 2016; PEREYRON, 2017); (ii) não haverá diferença significativa, no que diz respeito aos padrões acústicos de F1, F2 e duração (absoluta e relativa), entre a vogal átona final /e/ do Espanhol, produzida pelos bilíngues de nível avançado na L2, e a produzida pelos monolíngues de Espanhol; e (iii) haverá diferença significativa entre os valores de F1, de F2, de duração absoluta e de duração relativa entre a vogal átona final /e/ do PB produzida pelos bilíngues e a sua contraparte produzida pelos monolíngues de PB, pois a vogal átona final /e/ dos bilíngues será mais baixa (menor F1), mais anterior (menor F2) e mais longa do que a dos monolíngues de PB (CALLOU, MORAES, LEITE, 1996, 2002; SILVA, 2012; SANTOS, RAUBER, 2016; PEREYRON, 2017; SCHERECHEWSKY, ALVES, KUPSKE, no prelo). Os dados foram obtidos através de Tarefas de Leitura, nas quais foi solicitado que o participante lesse, em voz alta, 24 frases-veículo que continham os estímulos a serem analisados. Os grupos de monolíngues realizaram apenas a Tarefa de Leitura correspondente à sua Língua Materna (L1), e o grupo de aprendizes realizou uma Tarefa de Leitura em cada língua (Português e Espanhol). Os resultados indicaram que os bilíngues distinguem, em suas produções, a vogal átona final /e/ entre a L1 (Português) e a L2 (Espanhol), embora não tenham desenvolvido o padrão acústico de altura e anterioridade/posterioridade na L2. Além disso, em relação à L1, as produções vocálicas dos bilíngues, estatisticamente, não se diferenciam das dos monolíngues de PB. Entretanto, individualmente, alguns bilíngues apontam sinais de atrito linguístico em altura e anterioridade/posterioridade vocálica. Portanto, a partir das análises dos sistemas de Língua Materna (L1) e Segunda Língua (L2) do grupo de aprendizes, discutimos o que nossos resultados podem sugerir sobre a dinamicidade nas produções dos bilíngues e a possibilidade de atrito linguístico em ambiente de L2 não-dominante, partindo da concepção de Língua como um Sistema Adaptativo Complexo (cf. GONÇALVES et al., 1995; BECKNER et al., 2009; ALBANO, 2012).