A formalização fonético-fonológica da percepção de plosivas surdas sob múltiplas manipulações de voice onset time (VOT) por brasileiros e americanos à luz do modelo "Bhipon"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: MOTTA-AVILA, Camila
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas#
#-8792015687048519997#
#600
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Letras#
#8902948520591898764#
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/722
Resumo: Esta Dissertação de Mestrado teve como principal objetivo analisar e formalizar de que forma brasileiros aprendizes de inglês (L2) e americanos identificam e discriminam o vozeamento das consoantes plosivas iniciais da língua inglesa sob múltiplas manipulações em palavras monossilábicas. Na língua inglesa, para a diferenciação de vozeamento, tem-se como principal pista acústica a aspiração, que pode ser medida a partir dos valores de Voice Onset Time (VOT). O VOT é medido em milissegundos e pode ser classificado em 3 diferentes padrões (LISKER & ABRAMSON, 1964): VOT NEGATIVO (que se realiza foneticamente em português em /b/, /d/ e /g/); VOT ZERO, (que se realiza como /p/, /t/ e /k/ no português e /b/, /d/ e /g/ no inglês) e o VOT POSITIVO (encontrado em [ph], [th] e [kh] no inglês). Estudos anteriores (ALVES, BARATZ e MOTTA, 2012; SCHWARTZHAUPT, ALVES &FONTES, 2015; ALVES & MOTTA, 2014; MOTTA, 2014; ALVES & ZIMMER, 2015) demonstraram que a manipulação da pista acústica VOT resulta em comportamentos perceptuais diferenciados de acordo com a natureza do participante: americanos tendem a seguir a pista acústica em questão ao atribuir ou não vozeamento para as consoantes plosivas, ao passo que os brasileiros continuam a seguir os padrões de vozeamento previstos para a sua L1. Para dar conta da percepção em inglês como L2, este trabalho fundamentou-se, basicamente, nos modelos perceptuais Speech Learning Model (SLM) – (FLEGE, 1995) e Perceptual Assimilation Model – L2 (PAM-L2) – (BEST e TYLER, 2007). Para analisar a percepção dos participantes americanos, buscaram-se explicações em Kent e Read (2015), Gussenhoven e Jacobs (2004), Matzenauer (2015) e Boersma, Escudero e Hayes (2003). O método aplicado neste estudo consistiu em dois testes de percepção: (a) Teste de Identificação, (b) Teste de Discriminação. Ambos foram montados com estímulos de palavras monossilábicas da língua inglesa (CVC), sendo V /ɪ/ ou /i/. Cada type (pee, pit, tick, tip, kit, kill) passou por manipulação múltipla da pista acústica VOT, gerando 5 tokens cada um. Tal manipulação se deu de forma gradual em camadas de 25%, objetivando-se alcançar o padrão de VOT zero artificial. O design do Teste de Identificação contou com 60 palavras-alvo e 12 distratoras, somando um total de 72 tokens por participante. O design do Teste de Discriminação, que teve por objetivo contrastar diferentes camadas de VOT entre si, contou com 36 tríades do tipo AxB e 9 catch-trials, somando 45 tríades por participante. Sucintamente, os resultados apresentados demonstraram que os participantes americanos são mais sensíveis ao corte da pista acústica VOT do que os participantes brasileiros, independentemente do nível de proficiência em língua inglesa (básico, intermediário e avançado). Além disso, limiares fonéticos distintos foram encontrados em cada um dos grupos analisados e em cada ponto de articulação observado (bilabial, alveolar, velar). Finalmente, propôs-se uma formalização da percepção de ambos os grupos para cada consoante analisada baseando-se no Modelo de OT Bidirecional (BiPhon), proposto por Boersma (2009) e Boersma e Hamman (2011). Espera-se, com este estudo, que a descrição detalhada dos dados e a reflexão teórica possam contribuir à Academia e possibilitar estudos futuros.