Impacto da concentração inibitória mínima de amicacina no tratamento de infecções por enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rodrigues, Diógenes
Orientador(a): Rigatto, Maria Helena da Silva Pitombeira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Rim
Palavras-chave em Inglês:
MIC
CRE
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/207466
Resumo: Base teórica: A disseminação mundial das Enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERC) representa uma séria ameaça para a saúde pública. A amicacina é um aminoglicosídeo frequentemente utilizado em combinações terapêuticas para bacilos Gram-negativos resistentes aos carbapenêmicos, por ser uma das poucas opções com sensibilidade in vitro frequentemente preservada nesses casos. Objetivos: Avaliar a concentração inibitória mínima (CIM) de amicacina e determinar o impacto no desfecho clínico em pacientes tratados com esta droga para infecções por ERC. Métodos: Foi realizada uma coorte retrospectiva de pacientes com idade >18 anos, com culturas positivas para ERC em dois hospitais terciários de Porto Alegre, Brasil. Os testes de susceptibilidade à amicacina foram realizados pela técnica de microdiluição em caldo. Nosso desfecho primário foi mortalidade em 30 dias. Os desfechos secundários foram nefrotoxicidade e clearance microbiológico. A nefrotoxicidade foi avaliada pelo escore RIFLE. Todos os testes bicaudais e P≤0,05 foram considerados significativos. Uma análise de regressão Cox foi realizada para mortalidade. Resultados: Foram incluídos 86 pacientes para análise. Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) foi o mecanismo de resistência identificado em 82 (95,3%) e New-Dehli Metallobetalactamase (NDM) em 4 (4,7%) amostras. A MIC50 e MIC90 para amicacina foram de 1 μg / mL e 4 μg / mL, respectivamente. Sessenta e um pacientes (72,1%) foram tratados com terapia combinada suscetível com polimixinas. Vinte e nove (33,7%) pacientes morreram em 30 dias. Os valores da CIM não influenciaram na mortalidade (P = 0,18). Os fatores finais no modelo de regressão Cox foram idade (P = 0,04) e uso de vasopressores (P = 0,01). Trinta e três (37,2%) pacientes desenvolveram lesão renal aguda (LRA) durante o tratamento com amicacina pelos critérios do RIFLE. Os fatores de risco para LRA foram: maior taxa de filtração glomerular basal estimada (TFGe) (P <0,01) e dias de uso de amicacina (P = 0,04). Todos os pacientes que desenvolveram lesão ou falha renal estavam recebendo polimixinas. A depuração bacteriana ocorreu em 18 (60%) dos 30 pacientes que coletaram culturas subsequentes nos primeiros 14 dias de terapia. Duas (16,6%) das 12 culturas persistentemente positivas, alteraram o perfil de sensibilidade para amicacina, pois passaram de suscetível para intermediário durante a terapia. Conclusão: A amicacina é uma opção terapêutica importante para infecções por ERC e é necessário conhecer a distribuição de CIMs para este medicamento. Isolados com valores baixos de CIM, como os obtidos nesta coorte, não tiveram impacto em desfecho clínico ou microbiológico. Desta forma, nenhum ajuste de dose específico parece necessário, especialmente quando este medicamento é combinado com outros antibióticos ativos in vitro. A nefrotoxicidade esteve relacionada aos dias de uso de amicacina, mas não a dose total diária.