O impacto dos traços de personalidade na adesão às medidas preventivas contra a COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Reggiani, Lorenzo Casagrande
Orientador(a): Rocha, Neusa Sica da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276920
Resumo: Introdução: A pandemia da COVID-19, desprovida de tratamentos farmacológicos em sua fase inicial, exigiu a adoção de medidas preventivas não farmacológicas como distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras, para evitar a propagação da doença. Neste contexto, identificar características pessoais que predigam a intensidade de adesão individual às medidas era fundamental para a saúde pública. A literatura prévia à COVID-19 descreve que, dentre as características individuais que se relacionam com adesão terapêutica, os traços de personalidade seria um fator relevante. Segundo o modelo teórico de Eysenck, a personalidade é conceitualmente baseado no temperamento e na reatividade ao ambiente, e poderia ser dividida em três grandes traços, Psicoticismo, caracterizado por impulsividade, inconformismo e antipatia; Extroversão, marcada por expressividade e sociabilidade; e Neuroticismo, ligado à culpa, dependência e hipocondria. Objetivos: Avaliar o impacto dos traços de personalidade de Eysenck (Psicoticismo, Extroversão, Neuroticismo) na adesão às medidas preventivas. O estudo também explorou os efeitos mediadores dos sintomas depressivos, sintomas ansiosos, idade e sexo nesta relação. Métodos: Este estudo longitudinal foi realizado durante dois anos de acompanhamento. Os dados foram coletados em três fases diferentes da pandemia, com um total basal de 619 participantes em maio de 2021, 337 participantes em setembro de 2022 e 217 participantes na coleta final ocorrida em setembro de 2023. A personalidade foi avaliada por meio do Questionário de Personalidade Eysenck Revisado Abreviado (EPQR-A), enquanto a adesão às medidas preventivas foi medida por meio de uma série de perguntas. A análise estatística foi realizada por meio de Modelagem de Equações Estruturais (MEE) com a técnica de Mínimos Quadrados Parciais (PLS). Resultados: Verificou-se que o Psicoticismo teve impacto negativo significativo na adesão a todas as medidas preventivas avaliadas (β= –0,095–(–0,302), IC95% –0,002–(–0,601), p<0,05), exceto trabalho remoto, principalmente no população feminina, com efeitos variando nas diferentes fases do estudo. A Extroversão e o Neuroticismo mostraram resultados mistos, com algumas correlações com medidas preventivas específicas, como higiene das mãos (β= 0,312, IC95% 0,126–0,501, p=0,001) e trabalho remoto (β= –0,409, IC95% –0,837–(–0,059), p=0,038), respectivamente. As análises de mediação revelaram que a idade, os sintomas depressivos e ansiosos não mediaram significativamente a relação entre traços de personalidade e adesão. Conclusão: O estudo constatou que pessoas com alto índice de Psicoticismo tiveram impacto negativo na adesão às medidas preventivas contra a COVID-19, principalmente em mulheres. As descobertas sugerem caminhos potenciais para intervenções direcionadas para melhorar a adesão às medidas preventivas, enfatizando a necessidade de abordagens personalizadas na saúde pública e na prática clínica.