Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2011 |
Autor(a) principal: |
Pires, Anderson Clayton |
Orientador(a): |
Neves, Clarissa Eckert Baeta |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/49033
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Resumo: |
O cristianismo originário desenvolveu em seus seguidores um estilo de vida condizente às crenças escatológicas relacionadas à morte e à ressurreição de Cristo. Um estilo de vida resignado, asceta e destituído de qualquer interesse intramundana através do qual se justificava a crença de que o fim do mundo era iminente e que cada crente era chamado a viver segundo esta expectativa. Quinze séculos mais tarde, a Reforma protestante introduz, a partir do conceito de Berut, uma nova concepção de interação do crente com o mundo. A vocação passa a ser compreendida como atividades capitalistas, exercidas com base racional, exercidas como cumprimento da tarefa conforme a vontade de Deus. Sob esta perspectiva está fundada a ética protestante calvinista. A relação do crente calvinista com o mundo ganha um novo significado. A angústia pela confirmação de um indício da salvação leva o crente a desenvolver uma ética sustentada por duas virtudes: espírito de laboriosidade e rigor ascético. O trabalho passa a ser realizado pelo crente calvinista com o fim de acumular riqueza a fim de que através dela a confirmação do indício desejado. A aquisição material da riqueza como finalidade de vida marca de forma indelével a ética calvinista. Dois séculos depois inicia um movimento de inconformismo entre os pietistas que, insatisfeitos com a espiritualidade materialista do protestantismo calvinista, desenvolve uma sistema de crença que reinterpreta a doutrina da salvação e postula a “certeza emocional” como critério de confirmação da certeza da salvação. Esta consciência oriunda do pietismo gerou uma nova disposição religiosa no Movimento da Santidade que acabou favorecendo a formação do pentecostalismo nos Estados Unidos e no Brasil. O pentecostalismo surge como movimento de retorno às crenças escatológicas do cristianismo originário e, a partir delas, o sistema axiológico pentecostal desenvolve uma relação de distanciamento do mundo (santificação) que implica a mortificação da carne e a conservação de um estilo de vida intramundano destituído de interesse pelo progresso material. O pentecostalismo passa por três ondas, mas é o neopentecostalismo brasileiro que se apresenta como um movimento de ruptura com as duas primeiras ondas do pentecostalismo que o antecede. A Teologia da Prosperidade desenvolvida no neopentecostalismo incorpora o ideal de progresso oriundo da globalização, mas não apresenta nenhuma metafísica do sucesso. A prosperidade material passa a ser esperada de forma mágica, sem que o crente neopentecostal empregue qualquer esforço para obtê-la. O trabalho não é valorizado, nem o espírito de laboriosidade e nem o interesse pela qualificação técnica do trabalho profissional. A igreja Sara Nossa Terra nasce deste contexto neopentecostal, mas desenvolve um sistema axiológico que a diferencia dele. Ela desenvolve um sistema axiológico neoprotestante estruturado a partir de três componentes: uma metafísica do sucesso, uma espiritualidade do consumo e uma ética hedônica. A globalização é um fenômeno compreendido como revitalizador de crenças e valores protestantes calvinistas que são incorporadas pelo sistema axiológico da igreja Sara Nossa Terra e a torna uma legítima herdeira das crenças e valores fundamentais do protestantismo calvinista. A ética hedônica é um fator que a desfilia do cristianismo originário. Mas a metafísica do sucesso e a espiritualidade do consumo a refilia à genealogia protestante calvinista. O hedônico como ideal de vida plena torna o usufruto da riqueza como componente axiológico de novidade que justifica a utilização do prefixo “neo” do sistema axiológico neoprotestante da igreja Sara Nossa Terra. |