Caminhos da educação interprofissional no Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Medeiros, Aline Vieira
Orientador(a): Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258490
Resumo: CONTEXTO: Esta pesquisa trata do tema da educação interprofissional (EIP) na formação em residência multiprofissional em saúde. A EIP tem sua base conceitual na interação e no aprendizado compartilhado de dois ou mais núcleos profissionais. OBJETIVO: Compreender se a EIP se articula à formação dos profissionais de saúde residentes durante o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde (REMAPS), Secretaria Municipal de Saúde, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. METODOLOGIA: Pesquisa de abordagem qualitativa exploratória, de base fenomenológica. A amostra foi intencional. Participaram do estudo todos os residentes da REMAPS, que estavam no segundo ano da formação (n=10). A produção de dados ocorreu pela realização de entrevistas individuais semiestruturadas ocorridas no período da pandemia de COVID-19. O material textual produzido foi interpretado pela análise de conteúdo. O software Visual Qualitative Data Analysis (ATLAS.ti) apoiou a organização do material de pesquisa, a unitarização por temas emergentes e a construção das categorias de análise. Dados de perfil dos residentes (contexto) foram analisados pela estatística descritiva. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa. RESULTADOS: Os resultados mostraram que a formação de profissionais da saúde em cenários de aprendizagem da Atenção Primária à Saúde (APS) possibilitou o aprender e o trabalhar juntos, por meio de momentos de interação, troca de saberes e colaboração entre diferentes profissões. Atividades realizadas em conjunto por residentes e equipe de saúde, como discussão de casos, atendimentos domiciliares da equipe e reconhecimento do território, foram experiências potentes de aprendizagem para o trabalhar em uma equipe de modo interprofissional e para a vida dos residentes. O cuidado foi pautado nas necessidades dos usuários no cenário pandêmico, marcado por ações de vacinação, testagem para COVID-19 e atendimento de sintomáticos respiratórios. As reuniões de equipe foram identificadas pelos residentes como espaços potentes de diálogo e organização dos processos de trabalho, com possibilidade de tomar decisões compartilhadas. A comunicação foi evidenciada como elemento fundamental para o efetivo trabalho entre as profissões na APS. Ao compartilharem espaços e atividades, os residentes aprenderam ‘sobre’ e ‘entre’ as diferentes profissões da saúde, reconhecendo o papel de cada profissional no processo de cuidado. Os desafios vivenciados no cotidiano do trabalho foram percebidos como potentes para o desenvolvimento da resolução de conflitos na equipe e contribui para o aprendizado teórico-prático do residente. Neste aprendizado compartilhado entre residentes e profissionais da APS, destaca-se o protagonismo das pessoas-usuários como participantes-protagonistas das decisões sobre seu processo de cuidado, relação esta constituída pelo vínculo entre residentes e usuários. PRODUTO: Os resultados da pesquisa e o referencial teórico apoiaram a elaboração do produto educacional – Curso para Formação Profissional – Módulo Educação Interprofissional com foco na formação em programas de residência multiprofissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Experiências curriculares na APS, junto a equipes multiprofissionais que atuam no cuidado de pessoas-famílias-comunidade, confirmam a potência deste cenário de aprendizagem para o desenvolvimento de competências colaborativas, essenciais quando se pretende a EIP. Apesar da interprofissionalidade mostrar-se articulada ao currículo da residência, sendo percebida nas atividades desenvolvidas nos cenários de vivência na APS, nas atividades teóricas não foi relatada. Recomenda-se o reforço das bases teórico-conceituais da EIP no currículo da residência, bem como pesquisas complementares que incluam a percepção de preceptores, tutores e coordenação sobre a EIP, considerando a relevância desta formação nas Unidades de APS de gestão direta em Porto Alegre.