Casais heterossexuais sorodiscordantes para o HIV-1 : estudo comportamental e de biomarcadores para avaliar práticas sexuais de risco, adesão ao tratamento antirretroviral e transmissão sexual do HIV com outras infecções sexualmente transmissíveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Melo, Marineide Gonçalves de
Orientador(a): Sprinz, Eduardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/188865
Resumo: Base teórica: A epidemia da infecção pelo HIV avança devido à transmissão sexual. Reconhecendo que as estratégias de mudança comportamental não são suficientes, os pesquisadores, hoje, voltam o olhar para o uso de antirretrovirais (ARV) como prevenção da transmissão sexual do HIV em três estratégias principais: PrEP ou profilaxia pré-exposição, PEP ou profilaxia pós-exposição eTasP ou tratamento como prevenção. Nesse cenário, sabese que todas as pessoas infectadas sexualmente pelo HIV, já foram um dia um casal sorodiscordante. Pessoas nessa situação são muito importantes para estudos de avaliação dos fatores facilitadores ou protetores da transmissão sexual do HIV. Sabe-se que as outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são fatores biológicos facilitadores da transmissão sexual do HIV enquanto o uso de ARV com carga viral indetectável é o principal fator protetor desta transmissão, dando origem à disseminação da campanha U=U (Indetectável = Não transmissível). Objetivo: O principal objetivo deste estudo foi avaliar o impacto das outras ISTs e a adesão aos ARV na transmissão sexual do HIV em casais heterossexuais sorodiscordantes cujo índice estava em uso de ARV. Metodos: Estudo transversal aninhado em uma coorte retrospectiva de casais heterossexuais sorodiscordantes para o HIV com uma amostra fixa de 200 casais e 100 solteiros com HIV recebendo tratamento ARV há três meses ou mais, em acompanhamento no serviço especializado em atendimento de pessoas vivendo com HIV/AIDS (PLVHA) no sul do Brasil. Todos assinaram termo de consentimento, responderam questionário demográfico e comportamental pelo audio computer-assisted self-interviews (ACASI), coletaram amostras de sangue e de secreção genital para marcadores biológicos. Todos os parceiros HIV negativos eram aconselhados e testados para o HIV-1. Para a avaliação dos marcadores biológicos foi utilizado o método Real Time Polymerase Chain Reaction (RT-PCR) (©Abott) para a quantificação da carga viral sérica do HIV-1. A carga viral da secreção genital foi avaliada por método de RT-PCR com kit COBAS (©Roche). Swab vaginal para o teste Rapid Stain Identification of Human Semen (RSID) foi utilizado como biomarcador de sexo vaginal desprotegido. Resultados: As características demográficas, comportamentais e de marcadores biológicos foram semelhantes entre casais e solteiros. A correlação entre PCR da secreção vaginal e carga viral sérica foi significativa na presença de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) (r=0,359; P=0,017). Houve associação entre o relato de adesão pelo ACASI e a carga viral sérica indetectável (P<0,0001). A análise de regressão logística demonstrou que o regime de ARV com comprimido único (RCU) duplica a chance de adesão. A maioria dos casos índices era do sexo feminino (70%). A mediana do tempo de relacionamento dos casais foi de 72 meses. Cinco parceiros se infectaram sendo quatro homens e uma mulher com uma incidência de infecção aguda pelo HIV de 2,5% (IC95%:0,8% a 5,7%). O teste RSID avaliou sexo vaginal desprotegido com resultado positivo em 12,1% das mulheres. Os resultados das medidas de carga viral no plasma foram mais elevados nos índices dos casais que transmitiram o HIV do que nos que não transmitiram (P=0,002). A presença de IST foi significativamente maior nos casais que soroconverteram (60,0% X 13,3%;OR=9,75; IC95%:1,55 – 61,2; P=0,023). Conclusão: Investir no uso de ARV como comprimido único é a principal ferramenta para melhorar a adesão. A adesão ao uso de ARV com carga viral indetectável é o principal fator de não transmissão do HIV entre casais sorodiscordantes e neste estudo o que foi preditor de transmissão foi o tempo de carga viral indetectável e a presença de outras ISTs.