A paisagem sonora em Avalovara, de Osman Lins

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Paz, Martha Costa Guterres
Orientador(a): Gomes, Leny da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/148564
Resumo: Uma incursão pelo romance Avalovara, de Osman Lins, abre possibilidades para a descoberta de um universo acústico repleto de simbolismos, permeando as cenas da narrativa. O presente trabalho fundamenta-se nas pesquisas do compositor e educador canadense Raymond Murray Schafer sobre a paisagem sonora mundial. Propõe-se a investigar a relação entre a obra literária Avalovara e a linguagem sonora a partir das expressões acústicas do romance, identificando os possíveis significados de tais conexões. Fez-se necessária a transposição para o mundo ficcional de Avalovara da metodologia de análise e classificação dos sons utilizada por Schafer, tendo sido elaborada uma tabela de categorização contendo os cenários mais significativos com as sonoridades identificadas em cada um deles. Uma passagem pelos caminhos da ecocrítica e da ecologia sonora possibilitam, com base na visão de Schafer sobre ruído associada a diversas expressões de sons estridentes presentes na narrativa, vislumbrar uma proximidade do pensamento de Osman Lins com o ideário da ecologia acústica. Sons naturais, música, ruídos e silêncio se mesclam em uma sinfonia de oposições sonoras em que o ir e o vir dá vida e ritmo à narrativa, estabelecendo uma ligação da linguagem literária com a linguagem musical. Inter-relacionam-se, também, a estrutura do romance e a organização formal de peças musicais relevantes, tais como, a cantata Catulli Carmina, de Carl Orff, e os fragmentos da introdução da Sonata em fá menor (K462) para cravo, de Scarlatti. Quatro músicas de caráter contrastante, aqui denominadas de eixos musicais, revelam o percurso dos protagonistas em suas buscas, seus anseios e suas frustrações. O pássaro Avalovara com seus cantos, gritos e movimentos em espiral, traz à tona um mundo de mistérios que permite fazer associações e interpretar os diversos simbolismos relacionados à ave guia. As palavras no corpo da remetem a um processo de iniciação para o conhecimento, quando o pássaro mítico a introduz no mundo dos sons. Alguns aspectos da filosofia tântrica são aqui abordados em razão da profunda similaridade dos processos de ascensão espiritual com a trajetória de Abel e a , em sua obstinada busca pelo conhecimento absoluto a partir do domínio dos mistérios das palavras que perpassam o corpo da mulher tríplice. O silêncio no romance é analisado sob várias perspectivas, relacionando-o com a filosofia tântrica e com as concepções de Schafer e de John Cage. O romance foi considerado como uma única paisagem sonora e seus fragmentos cênicos denominados, neste trabalho, de cenários sonoros.