Tempo de Avalovara (as diferentes dimensões temporais no romance de Osman Lins)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Soares, Marisa Balthasar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-04032008-113152/
Resumo: O romance Avalovara (1973), do escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978), apresenta complexa elaboração da categoria narrativa tempo, por meio da exploração da técnica da simultaneidade narrativa. O enredo que mimetiza o movimento de uma espiral sobre o palíndromo sator arepo tenet opera rotas torna concorrentes no presente da enunciação diferentes temporalidades ficcionais, promovendo leituras pautadas pela revisão_ com impactos para o próprio tempo e memória de leitura _ da concepção de um tempo linear e homogêneo, como consolidado no senso comum. Com a visada plural sobre o tempo, a narrativa osmaniana provoca fecundos enraizamentos: na própria trajetória do escritor, cuja inquietude técnica conduz à renovação dos modos de narrar; na moderna narrativa ocidental, que se funda na ruptura com a situação espácio-temporal de cunho \"realista\"; na modernidade da literatura brasileira, em diálogo com a pesquisa formal, sobremodo nas inovações da poética do tempo, da geração paulistana de 22; no debate acerca do engajamento literário, que se colocou com o Golpe de 64. Do percurso de leitura crítica em busca desses enraizamentos e suas imbricações, evocados pelo texto osmaniano, o presente trabalho destaca a crítica radical que Avalovara tece à visada progressista e à concepção de história nela ancorada. A estrutura desse romance, ao conjugar no tempo literário aspectos tão díspares do tempo _ a atemporalidade mítica, a histórica e a subjetiva_ alcança construir uma noção de história sensível a vozes silenciadas e alienadas no passado e interessada em ecoá-las no presente, em afinidade com a guinada na Historiografia, proposta por pensadores como os da Escola de Analles e Walter Benjamin.