Música das Formas: a melopoética no romance Avalovara, de Osman Lins

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Guimarães de Almeida Neto, Arnoldo
Orientador(a): Maria Araújo Ferreira, Ermelinda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7239
Resumo: Este trabalho debruça-se sobre o veio ainda pouco explorado, no campo da análise intersemiótica, das relações possíveis entre duas artes ditas temporais na clássica definição de Lessing: a literatura e a música. Embora mais próximas, neste aspecto, do que as ditas artes irmãs , mas rivais a literatura e a pintura , verifica-se que as abordagens comparativas do texto e da imagem superam amplamente os estudos comparativos do texto e da música no universo da crítica literária contemporânea. Esta dissertação pretende, portanto, contribuir para diminuir essa lacuna, e ao mesmo tempo iluminar aspectos ainda obscuros sobre a gênese de um romance exemplarmente intersemiótico e experimental: o Avalovara, do escritor pernambucano Osman da Costa Lins. A partir das pesquisas de Steven Paul Scher, revistas pela professora Solange Ribeiro de Oliveira sobre a Melopoética disciplina que pretende investigar a mútua iluminação entre a musicologia e os estudos literários , procuramos analisar as possíveis homologias entre o discurso literário e o musical ao longo da narrativa osmaniana, considerando três aspectos principais: 1. a citação, no romance osmaniano, de peças como a Sonata em fá menor K 462, para cravo, de Domenico Scarlatti, compositor italiano do século XVIII; e a Cantata Catulli Carmina, de Carl Orff, compositor alemão do século XX, que dialoga com os textos do antigo poeta romano Catulo (84-54 A.C.) no processo de construção de uma metáfora musical para o romance: o relógio; 2. a criação de um personagem músico, o tecladista e horologista Julius Heckethorn, supostamente baseado na biografia real do compositor serialista alemão Anton Webern, em consonância com o personagem compositor Adrian Leverkühn, do Doutor Fausto, de Thomas Mann, baseado no compositor Schoenberg, criador do método serial na música; e 3. a utilização de uma mesma metáfora visual-literária o Quadrado Sator, criado a partir de um palíndromo na organização estrutural do romance Avalovara, de Osman Lins, e numa composição de Anton Webern, o Concerto para nove instrumentos Op. 24; a fim de discutir como esses autores de distintas artes temporais buscaram, cada um no seu meio mas com recursos similares, repensar a noção do tempo tradicionalmente atrelada à definição desses dois gêneros artísticos a literatura e a música buscando, ambos, resgatar a noção de espacialidade em suas obras