“O colonialismo era meu pai” : memórias da infância e da adolescência em romances portugueses contemporâneos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Forli, Cristina Arena
Orientador(a): Tutikian, Jane Fraga
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/226281
Resumo: Esta tese tem como foco a análise das configurações das memórias da infância e da adolescência em romances portugueses contemporâneos e sua relação com o discurso histórico oficial. Considerando a preponderância da memória pela perspectiva infantil/adolescente na ficção portuguesa contemporânea, bem como a relação dos sujeitos que lembram com o colonialismo português, foram elencados quatro romances para o corpus desta pesquisa: O nosso reino (2004), de Valter Hugo Mãe, O retorno (2012), de Dulce Maria Cardoso, Caderno de memórias coloniais (2009), de Isabela Figueiredo, e A árvore das palavras (1997), de Teolinda Gersão. Tendo como narradores crianças/adolescentes ou adultos que relembram essas fases da vida, esses romances enfatizam o processo de formação desses sujeitos em um momento tão violento da história, como é o colonialismo, em Portugal, Angola e Moçambique. A importância dessa abordagem está no fato de esses sujeitos não terem legitimação no âmbito da circulação dos discursos, o que configura suas memórias como subterrâneas (POLLAK, 1989), e no fato de esse momento da história ainda ser silenciado no que diz respeito à esfera pública portuguesa. Nesse sentido, tem-se como hipótese o fato de que essas memórias, por serem de sujeitos ainda menos condicionados a um sistema social disciplinar, possibilitam um olhar outro sobre o colonialismo, que tende a ser menos automatizado em relação ao olhar do adulto. Como aporte teórico, utilizam-se os estudos crítico-teóricos de pesquisadores como Maurice Halbwachs, Michael Pollak, Phillip Ariès, Colin Heywood, Contardo Calligaris, Michel Foucault, Albert Memmi, Dipesh Chakrabarty, Homi Bhabha, Boaventura de Sousa Santos, Stuart Hall, Margarida Calafate Ribeiro, Grada Kilomba, David Le Breton, Doreen Massey, entre outros. Os resultados indicam a importância dessas memórias para realizar uma rasura no discurso histórico oficial, possibilitando o tensionamento entre diferentes narrativas, a sensibilização proporcionada por uma ignorância mobilizadora e a insubordinação de quem desperta para a injustiça e não a aceita.