Do paradoxo político às subjetividades contemporâneas : costuras psicanalíticas sobre o sequestro da palavra na mediação das diferenças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Sassi, Karina
Orientador(a): Gurski, Rose
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202520
Resumo: Esta pesquisa foi desenvolvida a partir da análise das tramas discursivas que vêm estruturando o campo político brasileiro desde 2013, situando-se nos limiares ambíguos que compõem o laço social contemporâneo. O recorte temporal escolhido para a análise tem início com as narrativas políticas sobre as jornadas de junho e se esgota na última eleição presidencial, em outubro de 2018. A forma como tais acontecimentos históricos são testemunhados ao longo do texto não acompanha sua linearidade temporal, configurando-se como uma escrita-testemunho composta por diferentes texturas de linguagem, desde a prosa acadêmica até fragmentos poéticos, crônicas, imagens e notas recolhidas ao longo do período de pesquisa. Baseada no ensaioflânerie, metodologia de pesquisa em Psicanálise desenvolvida por Gurski (2008), essa experiência de escuta e de escrita é desencadeada pelo encontro com a imagem fotográfica feita no dia da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. A fotografia mostra dois muros construídos diante do Congresso Nacional, separando favoráveis e contrários ao governo. À época, ouvia-se com frequência reduzirem os sujeitos a suas posições ocupadas na fotografia: os “coxinhas” e os “petralhas”. Tais nomeações parecem marcar o início dos entraves ao diálogo, sendo reveladoras de uma estereotipia discursiva categorizante, capaz de reduzir toda e qualquer complexidade a meros signos linguísticos. Para dar conta de falar sobre tais abreviações narrativas, cunhamos o termo “discursos econômicos”, que se refere à tendência contemporânea ao empuxo binário das categorizações reducionistas. Surgem, então, questões interessantes para serem problematizadas acerca do atual cenário político brasileiro: o que acontece quando as narrativas se tornam curtos-circuitos, trajetos programados pelas vias da tautologia ou da crença? Tem sido possível abrir espaços para duvidar do que nos convoca a “significar com pressa”? Por que tem sido tão difícil falar sobre o político, atualmente, sem que se pressuponham vinculações unívocas à direita ou à esquerda, ou a determinados partidos? Ideologias muradas, sujeitos seduzidos pelos jogos de poder, lutas políticas que acabam legitimando aquilo mesmo que se propõem a combater, diálogos que mais parecem monólogos coletivos. Como a Psicanálise pode nos ajudar a encontrar caminhos possíveis para pensar tais tensões e polarizações?