Intolerância religiosa, violação de direitos humanos e colonialidade da fé : as igrejas pentecostais e as mulheres Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul (2018-2022)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Paula, Thais Vieira de
Orientador(a): Prá, Jussara Reis
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258457
Resumo: A intolerância religiosa contra as mulheres nos tekoha Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul vem sendo impulsionada pela intervenção das igrejas pentecostais nas comunidades indígenas. Tal intolerância revela o fenômeno de colonialidade da fé, suscitado pelo abandono estatal dos povos originários e por polarizações religiosas, que levam à subordinação das mulheres e à violência de gênero. Assim, é válido indagar: como a colonialidade da fé interpõe barreiras de intolerância religiosa e de gênero a ponto de promover a violação aos direitos humanos das mulheres Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul? O objetivo do estudo é analisar o impacto da ausência do Estado para a abertura de espaços às religiões pentecostais no universo examinado e os efeitos disso sobre o aumento da violência exercida contra as Ñandesy e das violações aos seus direitos humanos. Especificamente, interessa identificar os fatores que determinam a presença de agentes da religião pentecostal nas aldeias Guarani e Kaiowá; mapear o cenário de intolerância religiosa e as violências enfrentadas pelas Ñandesy e; avaliar as implicações da atuação de agentes do pentecostalismo na cena comunitária e nos casos de violação aos direitos humanos das mulheres indígenas. A reflexão utiliza os aportes dos estudos decoloniais, desde a perspectiva de gênero e da teoria critica feminista. A abordagem é qualitativa e agrega pesquisa documental, com base no ordenamento internacional de proteção a minorias e aos direitos humanos, e trabalho de campo junto aos grupos Guarani e Kaiowá (2021-2022). Para tal, são empregadas análise de discurso crítica e etnografia política, apoiadas por técnicas de observação participante e escuta sensível. Os resultados obtidos ressaltam o impacto negativo da ausência do Estado nas aldeias Guarani e Kaiowá e do primado evangélico-petencostal nesse meio. Cenário ainda mais negativo para as mulheres indígenas, cujo protagonismo na transmissão da cultura e da religião do seu povo é cerceado pela igreja por práticas e discursos moralizadores.