Do corpo ao pó: crônicas da territorialidade Kaiowá e Guarani nas adjacências da morte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Morais, Bruno Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-23032016-134741/
Resumo: O debate em torno da territorialidade guarani no Mato Grosso do Sul chegou a um impasse teórico: de um lado, há os que a entendem a partir das concepções próprias dos indígenas das categorias territoriais; do outro, estão os que posicionam essas categorias, sobretudo a expressão tekoha, como contingências das políticas de Estado que historicamente vincularam os Kaiowá e Guarani a um território específico e produziram como efeito um movimento de retomada das áreas tradicionais. Esta dissertação pretende avançar neste impasse tentando percorrer, a partir de reflexões sobre a violência, e a morte, esses dois modelos de territorialidade. Os primeiros capítulos dão um panorama da disposição atual dos Kaiowá e Guarani por sobre o seu território, com foco no corpo: impondo uma segregação no espaço, a colonização impôs aos índios uma disciplina corporal. É como estratégia de resistência a essa disciplina que eles tentam reorganizar o espaço a partir dos acampamentos de retomada. A relação com a morte e com os mortos emerge como um eixo orientador da vida sobre o território, e os dois últimos capítulos vão dedicados a etnografar essas relações e as concepções de pessoa, de corpo, e os elementos escatológicos e proféticos envolvidos nos ritos funerários. Dividido entre uma parte substantiva, e uma parte imaterial, o corpo aparece no fim como o elemento organizador da produção e da reprodução da vida social, da territorialidade, e do cosmos. Do mesmo modo, é o corpo o eixo organizador da destruição do que há nesta terra. Traduzindo um registro no outro, os Kaiowá e Guarani operam uma crítica histórica que sugere uma conciliação entre as teorias já não como opostas, mas como complementares e variadas em perspectiva.