Variações fenotípicas do carcinoma espinocelular oral : efeito das características físicas da matriz extracelular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Matte, Bibiana Franzen
Orientador(a): Lamers, Marcelo Lazzaron
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202364
Resumo: O carcinoma espinocelular oral (CEC) apresenta variabilidade inter e intratumoral. A doença é formada pelas células tumorais e pelos diversos fatores biológicos, químicos e físicos que compõem o microambiente tumoral com poder de influenciar a progressão tumoral. Neste trabalho, avaliamos as modificações fenotípicas intrínsecas do CEC e a influência de fatores físicos (rigidez) nestas células. Em uma revisão de literatura, foi observado que GAPDH e β-actina são os principais genes de referência utilizados em pesquisas de expressão gênica com CEC. Entretanto, demonstramos experimentalmente a grande variabilidade de 5 genes de referência durante análise comparativa de mais de um subtipo celular de tumor, sendo recomendado o uso de 2 ou mais genes de referência para este tipo de ensaio. Devido à esta variabilidade de expressão gênica, utilizamos a ferramenta transcriptograma em dados de sequenciamento de RNA de amostras de diferentes regiões de carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço. Foi constatada que existem diferenças no perfil de expressão gênica entre as diferentes regiões tumorais, mas também entre os tecidos sadios. Esta diferença pode estar associada às diferentes etiopatogenias do câncer de cabeça e pescoço, bem como às diferentes características bioquímicas e biomecânicas a que estão expostos os tecidos desta região. Visto que clinicamente é observado o endurecimento das bordas das lesões de CEC e que observamos que o aumento da organização das fibras colágenas (maior rigidez) está relacionado com pior prognóstico, analisamos a influência da rigidez da matriz extracelular no fenótipo destas células tumorais. Foram utilizadas linhagens de CEC com baixa (InvL/E:NH) e alta (InvH/E:NL) agressividade expostas a diferentes durezas (0,48 ou 20kPa). Após 24h, observamos que apenas as células InvH/E:NL migraram em maior velocidade em ambiente com alta rigidez (20kPa) quando comparado com baixa rigidez (0,48kPa) (p<0,01). Para avaliar o condicionamento mecânico induzido pelo substrato, as células InvL/E:NH foram cultivadas por 5 dias em ambientes com baixa ou alta rigidez e então trocadas de ambiente para avaliar modificações fenotípicas. Observamos que o condicionamento em ambiente rígido tornou as células InvL/E:NH mais agressivas (~2x de aumento na expressão de N-caderina e da velocidade de migração (p≤0,05)), sendo este efeito mediado pelas adesões das células ao substrato (p<0,01). Estes dados indicam que a própria resposta fibrosa para contenção do tumor pode modular o comportamento invasivo do CEC, contribuindo tanto para a metástase quanto para a recorrência do tumor. Em virtude dos efeitos das características físicas no comportamento celular, realizamos revisão da literatura em que observamos a diversidade de biomateriais e de estratégias in vitro e in vivo para reproduzir de maneira fidedigna o microambiente dos tecidos e dos tumores. Nesta tese, demonstramos que existe uma grande heterogeneidade relacionada ao tipo celular do tumor, ao seu local de origem, à resposta celular frente as características físicas do microambiente e às maneiras de reproduzir os aspectos mecânicos in vitro/in vivo, o que realça a necessidade de uma visão holística do processo de tumorigênese para definir novas estratégias de diagnóstico, prognóstico e tratamento de pacientes com CEC.