Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Loose, Eloisa Beling |
Orientador(a): |
Girardi, Ilza Maria Tourinho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/220347
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Resumo: |
A partir da hipótese de que os meios jornalísticos não hegemônicos teriam maior liberdade para noticiar as causas e respostas à crise climática, assim como pluralizar as vozes e as ações do Sul Global, valorizando perspectivas locais e de saberes outros que não o da ciência, esta investigação se debruça sobre os discursos climáticos de veículos digitais não hegemônicos. Tal recorte busca contribuir com os estudos brasileiros sobre clima, sobretudo a partir da discussão de suas formas de enfrentamento. O estudo abarca o campo do Jornalismo Ambiental e suas intersecções com a colonialidade, considerando o meio ambiente como matriz fundamental para a manutenção do modelo de desenvolvimento vigente. Esta pesquisa objetiva desvendar os sentidos e as estratégias acionados nos discursos jornalísticos sobre mudanças climáticas de três meios de comunicação chamados não hegemônicos, comprometidos com uma sociedade mais sustentável: Colabora, Conexão Planeta e Envolverde. Articula-se o nível micro do discurso (a partir das notícias) com o nível macro, que corresponde às relações de poder, dominância e desigualdades entre Norte e Sul Globais (apresentadas por meio de pesquisas bibliográfica e documental), ancorados na Análise Crítica do Discurso, durante os anos de 2019 e 2020. Realiza-se uma análise a partir de três momentos críticos da cobertura: a COP-25, as greves pelo clima e a conexão com a pandemia de covid-19; e outra a partir dos tópicos mais recorrentes (causas, efeitos, soluções, ações pró-clima e críticas à inação). Por fim, desvendam-se marcas discursivas a fim de identificar os silenciamentos, as representações e os atores mais recorrentes no corpora, ao longo do período e na comparação entre os meios selecionados. Os resultados revelam que os discursos sobre a emergência climática são fortemente atravessados pela perspectiva do Norte, sendo dominantes os enquadramentos sobre ações e efeitos, com forte espaço para atores do campo científico. Há predomínio da ideologia antropocêntrica, na qual as soluções climáticas são buscadas dentro do capitalismo. Os discursos dos meios analisados são posicionados em relação ao enfrentamento climático, correspondendo aos pressupostos do Jornalismo Ambiental. Conexão Planeta é o veículo que mais se afasta dos valores e características do jornalismo tradicional, especialmente pela maneira como diz. Envolverde associa-se mais aos veículos tradicionais, por não questionar o discurso do capitalismo verde, enquanto Colabora encontra-se entre esses extremos: posiciona-se, mas busca apresentar reportagens afinadas com o formato e a linguagem hegemônica, que almejam a objetividade. A perspectiva biocêntrica é marginal e aparece, principalmente, quando os indígenas são ouvidos. Os discursos do Sul perdem espaço porque há uma valorização do enfoque internacional em detrimento dos aspectos nacionais, regionais e locais. Os ativistas, frequentemente ignorados pelos veículos hegemônicos, ganham destaque, mas não refletem o pluralismo esperado. As causas do colapso climático quase não são mencionadas e há uma representação da mudança climática como uma ameaça real, inevitável e urgente. O sistema capitalista-colonialista, responsável pelo agravamento da crise climática, continua sendo invisibilizado, evidenciando traços da colonialidade jornalística mesmo nos meios que não podem ser categorizados como hegemônicos. |