Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Gimerson Erick |
Orientador(a): |
Lautert, Liana |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/184691
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Resumo: |
O trabalho constitui elemento central no desenvolvimento psíquico e na constituição da identidade, e, a depender do sentido que assume, pode ser considerado espaço de emancipação e/ou de servidão. Na Atenção Primária à Saúde (APS), cujo trabalho norteia-se por pressupostos da integralidade, da humanização e do acolhimento, os coordenadores de Unidades de Saúde da Família (USF), pela posição gerencial e estratégica que assumem, encontram-se vulneráveis a situações contraditórias e ambíguas no trabalho, as quais podem comprometer sua saúde. Esse contexto desperta a preocupação da Enfermagem na atenção à saúde do trabalhador, sinalizando a necessidade de desenvolver ações promotoras de reflexão e/ou transformação de dinâmicas geradoras de sofrimento e adoecimento laboral. Com base no aporte teórico-prático da Clínica Psicodinâmica do Trabalho (CPdT), teoria e prática proposta por Christophe Dejours, desenvolveu-se uma pesquisa com o objetivo de promover a escuta clínica no contexto gerencial da APS, em análise à CPdT de coordenadores de USF de uma região distrital de saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A prática clínica deu-se em espaços de interação dos coordenadores de USF de uma gerência distrital, em que realizaram-se análises de documentos e registros institucionais, observações em reuniões de coordenação, entrevistas clínicas em escuta a 12 coordenadores, e cinco sessões coletivas, no estilo “reunião-almoço”. As informações, registradas em diários de campo e memoriais foram interpretadas por meio da Análise Clínica do Trabalho, de Mendes e Araujo (2012), adaptação do método dejouriano à realidade brasileira O estudo foi aprovado nos Comitês de Ética em Pesquisa da UFRGS e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, CAAE: 61375216.5.0000.5347. A Análise Clínica do Trabalho permitiu identificar a dinâmica das relações de trabalho no contexto em que se inserem os coordenadores da APS, traduzindo a produção dos coletivos e o invisível do trabalho. Constituíram-se dispositivos clínicos neste processo, o acolhimento afetivo, a identificação com a dor do outro, as confrontações, os esclarecimentos e a construção de novas perspectivas. A análise psicodinâmica do trabalho revelou que o contexto de trabalho do coordenador possui cadências institucionais, porém com ritmos de coordenação, as quais fomentam a (in)visibilidade destes profissionais, acentuam os limites entre o prescrito e o real do trabalho e estimulam a servidão voluntária e a convivência estratégica. Identificaram-se traços de mobilização manifestos na busca da solução pensada para dar conta do real do trabalho de coordenação, momento em que adotam estratégias defensivas, as quais, podem culminar no adoecimento. Em geral, apresentam danos físicos, fisiológicos, sociais e psíquicos. A análise da mobilização do coletivo de trabalho de coordenadores revelou o desejo de cooperar e de buscar alternativas emancipatórias. Ao final, validou-se a Tese que a promoção de espaços de deliberação no trabalho em saúde, proporcionados pela escuta clínica na prática da CPdT, favorece o pensar e o agir acerca da organização do trabalho gerencial em APS, e permite situá-lo na antítese emancipação-servidão. A experiência prática em CPdT reflete contribuições significativas para as práticas avançadas de Enfermagem, desvelando novas e diferenciadas possibilidades de cuidar. |