Programação perinatal : estudo do possível papel neuroprotetor do azeite de oliva sobre o comportamento e o metabolismo da prole adulta submetida à separação materna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Machado, Alessandra Gonçalves
Orientador(a): Krolow, Rachel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249890
Resumo: O estado nutricional materno durante a gestação e lactação, pode ter impacto direto no desenvolvimento do filhote e atuar de forma terapêutica em situações de estresse no início da vida. A separação materna (SM), é considerada um modelo de estresse, que consiste na ruptura da ligação mãe-filhote e que pode programar o metabolismo e o comportamento dos filhotes na vida adulta de maneira sexo-específica. A SM pode induzir alterações hipocampais que parecem estar intimamente correlacionadas com o desenvolvimento da depressão e, de modo geral, o estresse pode afetar outros fatores como o metabolismo energético, função mitocondrial, neurogênese e astrócitos. Nesse sentido, uma estratégia não farmacológica com característica neuroprotetora é o consumo de azeite de oliva (AO), que possui nutrientes que podem agir em diferentes regiões encefálicas, atuando na ativação de proteínas sensoras do metabolismo energético, manutenção da integridade mitocondrial e da barreira hematoencefálica (BHE), além de estar relacionado com neurogênese e prevenção de doenças neuropsiquiátricas. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos do consumo de uma dieta rica em AO no período gestacional/lactacional sobre o comportamento do tipo depressivo e fatores associados ao desenvolvimento da depressão em ratos submetidos à SM. No capítulo I realizou-se um compilado de dados da literatura acerca da importância do consumo de ácidos graxos (AG) durante o período perinatal, destacando os efeitos sobre o hipocampo e comportamento. A revisão forneceu evidências de que o ambiente intrauterino e pós-natal do filhote é modulado pela dieta materna. Por exemplo, o hipocampo durante as fases iniciais do desenvolvimento está passando por constantes processos de maturação e desenvolvimento e se mostrou extremamente modulado pelo consumo de dietas materna contendo diferentes AGs. Alterações precoces na sinaptogênese, na neurogênese, na astrogênese e na resposta inflamatória parecem estar diretamente relacionadas aos desfechos comportamentais dependentes do hipocampo na idade adulta. No capítulo II, utilizando modelo experimental de SM, observamos que o consumo de dieta materna contendo AO preveniu o ganho de peso nos ratos machos e diminuiu o comportamento anedônico induzido pela SM em ambos os sexos. De forma sexo específica, o AO preveniu os efeitos da SM sobre comportamento depressivo avaliado pelo nado forçado nos machos, bem como reduziu espécies reativas de oxigênio e aumentou a atividade de enzimas antioxidantes. Além disso, essa dieta mostrou efeitos específicos do sexo diminuindo a massa e o potencial mitocondrial, reduzindo a ativação de AMPK e aumentando o imunoconteúdo de sinaptofisina e da proteína de densidade pós-sináptica 95 (PSD-95) no hipocampo dorsal (HD) dos machos. Já a SM, causou diminuição da produção de radicais livres e diminuição do imunoconteúdo de SIRT1 no HD também dos machos. No capítulo III, utilizamos o mesmo modelo experimental para buscar compreender melhor os mecanismos de atuação do AO sobre a funcionalidade do hipocampo dorsal. Observamos que a dieta materna causou um aumento no imunoconteúdo de claudina-5 nos machos. Os filhotes separados provenientes de mães que consumiram AO apresentaram um aumento na marcação de astrócitos e ainda preveniram a redução da neurogênese causada pela SM. Dessa forma, conforme o capítulo I observamos a importância do consumo de AGs durante o período perinatal, e demonstramos através dos capítulos II e III que o consumo de AO durante o período perinatal atua como fator protetor em indivíduos que passaram pela SM, prevenindo o comportamento do tipo depressivo, possivelmente por meio de mecanismos relacionados ao metabolismo energético, sistema antioxidante, astrogênese e neurogênese.