Cultura de segurança do paciente : elementos que influenciam a percepção dos profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Prates, Cassiana Gil
Orientador(a): Moura, Gisela Maria Schebella Souto de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238654
Resumo: A segurança do paciente, como dimensão da qualidade do cuidado em saúde, é tema de destaque no mundo. Os danos causados durante a assistência constituem-se um grave problema de saúde pública, com significativas implicações de morbimortalidade e qualidade de vida aos pacientes, além de afetar negativamente a imagem das instituições e dos profissionais de saúde. O maior desafio para a transformação do sistema vigente é a mudança cultural do paradigma punitivo para uma cultura de segurança. Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi analisar a cultura de segurança do paciente percebida pelos profissionais de saúde e os elementos que influenciam esta percepção em uma instituição hospitalar. Foi delineado como pesquisa de métodos mistos caracterizando-se pelo desenho sequencial explanatório onde a primeira etapa foi quantitativa para identificação do status da cultura mediante aplicação do Hospital Survey on Patient Safety Culture e, na sequência a etapa qualitativa que explorou os resultados iniciais e os elementos que influenciam a percepção dos profissionais utilizando-se a técnica de grupo focal. A pesquisa foi realizada em um hospital geral de Porto Alegre, de abril a outubro de 2017, e a amostra constituída por 618 profissionais assistenciais e de apoio técnico administrativo para a primeira etapa e 10 assistenciais de nível superior para os dois encontros de grupo focal. A análise dos resultados foi sequencial, sendo os dados quantitativos e as informações qualitativas analisadas separadamente, num primeiro momento, e posteriormente submetidos à uma análise integrada. Os resultados evidenciaram uma cultura fragilizada, com sete dimensões consideradas como áreas frágeis para segurança do paciente, sendo a mais crítica “respostas não punitivas aos erros” com índice de respostas positivas de 29,0%, seguida da “passagem de plantão ou de turno e transferências” (32,6%), “trabalho em equipe entre unidades” (36,8%), “adequação de profissionais” (44,2%), “abertura da comunicação” (48,7%), “percepção geral da segurança do paciente” (49,2%) e “retorno da informação e comunicação sobre o erro” (49,9%). Profissionais de nível superior, especialmente médicos, têm uma percepção mais fortalecida, com significância estatística (p<0,05), quando comparados com os de nível técnico nas dimensões “trabalho em equipe dentro das unidades”, “expectativas sobre seu líder imediato e ações promotoras da segurança do paciente” e “aprendizado organizacional e melhoria contínua”. A emergência foi o setor que evidenciou os índices mais elevados de respostas positivas. Elementos relacionados à organização do trabalho (processos burocratizados, mal desenhados e descoordenados, decisões regionais, falhas de comunicação) somados aos elementos da gestão de pessoas (gradientes de hierarquia, sobrecarga, alta rotatividade, pressão por produção, punição, falta de respeito e empatia) e judicialização foram apontados pelo grupo focal como contribuintes para a percepção fragilizada da cultura de segurança e a liderança, como elemento que influencia positivamente as dimensões fortalecidas no serviço de emergência. Os resultados encontrados são consistentes e refletem a realidade das instituições de saúde no mundo. É compreensível que os avanços para a disseminação da cultura de segurança do paciente sejam desafiadores, contudo é imperativo a efetiva mobilização dos profissionais, gestores, governantes, educadores, pesquisadores, pacientes e sociedade, a fim de consolidar uma cultura construtiva nos sistemas de saúde onde todos serão beneficiados.