Associação entre hipotermia terapêutica e memantina como estratégia neuroprotetora para o tratamento da hipóxia-isquemia encefálica neonatal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Spies, Francielle Fernandes
Orientador(a): Fraga, Luciano Sturmer de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/262586
Resumo: A superestimulação dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) causada pela excitoxicidade glutamatérgica pode ativar vias de morte celular. Este é um dos eventos relevantes na hipóxia-isquemia (HI) neonatal, cujo tratamento padrão é a hipotermia terapêutica (HT). No entanto, a HT é recomendada para lesões cerebrais de grau moderado a grave e crianças que apresentam HI de grau leve não são tratadas devido ao risco de resultados adversos. Apesar disso, esses recémnascidos com lesão leve podem apresentar significativos sinais de lesão cerebral em períodos mais tardios do seu desenvolvimento. Investigamos os potenciais efeitos neuroprotetores do tratamento com memantina (um antagonista NMDA nãocompetitivo) combinado com a HT em ratos neonatos machos e fêmeas submetidos à HI com a produção de lesão cerebral leve-moderada. Foram utilizados filhotes de 7 dias (P7) submetidos à oclusão da artéria carótida comum direita seguida de 90 min de hipóxia (8% O2). Os animais do grupo SHAM foram submetidos a uma cirurgia fictícia. A memantina foi administrada (i.p., 20 mg/kg) imediatamente após a hipóxia. Após um período de recuperação, os filhotes foram expostos à HT (32°C por 5 h). Os filhotes foram pesados de P6 a P9 e submetidos aos testes comportamentais de geotaxia negativa e reflexo de endireitamento. Os animais foram eutanasiados em P9. Foi realizada a análise do volume de lesão encefálica pela coloração de cloreto de trifeniltetrazólio (TTC). O hipocampo ipsilateral à lesão foi coletado e a expressão de p-Akt, caspase-3 clivada e Bcl-XL foram avaliadas por Western blotting. Nos machos, o tratamento com hipotermia foi capaz de reverter a lesão causada pela HI. Já nas fêmeas, tanto o grupo HT quanto o grupo com os tratamentos combinados tiveram uma piora na lesão; entretanto, o grupo tratado apenas com memantina sugere uma neuroproteção, não mostrando diferença do grupo SHAM. Em análises moleculares, nas fêmeas, o tratamento combinado reduziu a expressão da caspase3 clivada em 47% (p<0,05, ANOVA) em relação aos animais do grupo HI. No entanto, não foram observadas diferenças significativas na expressão de p-Akt e Bcl-XL, e as fêmeas de todos os grupos tiveram ganho de peso semelhante. Nos machos, não houve diferença significativa na expressão hipocampal de p-Akt, caspase-3 clivada, ou Bcl-XL. Estes resultados sugerem que a terapia combinada é capaz de regular negativamente a expressão de caspase-3 clivada, prevenindo a apoptose no hipocampo de fêmeas com lesão hipóxico-isquêmica leve. Assim, a combinação de memantina e HT pode ser uma terapia promissora para o tratamento da hipóxia-isquemia neonatal de grau leve, pelo menos em ratas. Contudo, mais pesquisas são necessárias para abordar se a memantina e a hipotermia combinada devem ser utilizadas como estratégia neuroprotetora para HI leve.