Enriquecimento ambiental como fator modulador do comportamento em ratos submetidos a estresse precoce e alterações neuroquímicas no hipocampo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vieira, Aline dos Santos
Orientador(a): Dalmaz, Carla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/232670
Resumo: A fase neonatal é crítica para o desenvolvimento humano. Intervenções nesse período podem gerar consequências a longo prazo sobre a emoção, o comportamento e o metabolismo. Um potente estressor durante o período neonatal é a separação materna (SM), que pode levar a mudanças comportamentais, morfológicas e neuroquímicas que permanecem ao longo da vida. A exposição de animais a ambientes enriquecidos tem sido descrita como uma possível estratégia neuroprotetora em situações que envolvem estresse, uma vez que promove diversas mudanças neuroquímicas e comportamentais. Assim, o objetivo desse trabalho foi estudar se as alterações comportamentais e neuroquímicas causadas pela SM na fase neonatal podem ser moduladas pelo enriquecimento ambiental (EA). Ninhadas de ratos Wistar foram aleatoriamente designadas para uma das intervenções neonatais do dia pós-natal (PND) 1-10, Separados: filhotes colocados em uma incubadora a 32ºC/3h e Intactos: sem intervenção. Do PND 22-35, parte dos animais em cada grupo foi colocada em uma gaiola de EA e outra parte foi alojada em caixas padrão. Na idade adulta, foram realizados testes comportamentais de campo aberto, claro-escuro e memória aversiva. Foram realizadas medidas neuroquímicas no hipocampo dorsal (HcD) por Western blotting, e avaliados parâmetros redox no HcD e hipocampo ventral (HcV), além de ser avaliado o marcador neuroquímico periférico de distúrbios, S100B, no soro de animais que receberam ou não choque na idade adulta. O EA diminuiu a ansiedade nos animais Intactos, mas não nos Separados nos testes comportamentais de campo aberto e claro-escuro. O EA não atenuou o comportamento de congelamento na tarefa de medo condicionado ao contexto. A avaliação neuroquímica do HcD revelou que os animais reexpostos ao aparato de choque 24h depois do treino, e mortos 1h após a reexposição, tiveram a razão pERK1/2 / ERK1/2 aumentada em comparação com os animais sem reexposição, um efeito que foi mais marcante nos animais Intactos em relação aos SM. Não encontramos diferenças significativas nos receptores GluN2A e GluN2B do glutamato. Observamos que os animais Separados apresentaram diminuição da atividade da SOD em relação aos Intactos no HcD; no HcV o EA diminuiu os níveis de EROs dos animais submetidos a SM, além de a SM ter aumentado a atividade da CAT nos animais EA. Houve aumento da S100B nos animais que receberam choque e diminuição dos níveis séricos de S100B nos EA, de acordo com os resultados do campo aberto. Esses resultados apontam para distintos padrões de comportamento com a exposição a um ambiente enriquecido, com diminuição do comportamento tipo ansioso e dos níveis de S100B, um marcador associado com a fisiopatologia de diversos distúrbios cerebrais. A via de sinalização da pERK1/2 / ERK1/2 é ativada quando da sessão de evocação da memória, possivelmente influenciando na formação e recuperação da memória de medo no HcD. Essa cascata é diferentemente ativada em animais SM e Intactos. O HcD e o HcV dos animais diferem na adaptação a longo prazo em resposta à SM, com o EA atenuando a produção de espécies reativas apenas no HcV. Dessa forma, estudar o EA nos permite pensar em intervenções que possam amenizar o sofrimento, bem como em fatores que possam amenizar distúrbios emocionais induzidos por estresse precoce.