Reunindo o passado : contextos discursivos e linguagens historiográficas na History of Brazil de Robert Southey

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Varella, Flavia Florentino
Orientador(a): Cezar, Temistocles Americo Correa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/117594
Resumo: Esta tese apresenta um enquadramento diverso da History of Brazil (1810-1819), escrita por Robert Southey, em relação ao que veio sendo proposto após a publicação do clássico livro de Maria Odila da Silva Dias, O fardo do homem branco: Southey historiador do Brasil (um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre). A hipótese de Dias buscou entender a History of Brazil pelo prisma da historiografia romântica e concluiu que Southey teria “uma concepção essencialmente intuitiva e sensível da história, o que lhe permitiria, aliás, desenvolver um método todo imaginativo de revivência empática do passado”. Não busquei um enquadramento de Southey em qualquer outra “escola” diversa do Romantismo, mas entender quais foram as linguagens mobilizadas na History of Brazil e o contexto discursivo em que se inseriam. Para tanto, foi fundamental o entendimento da importância do antiquariato e das questões etnográficas, presentes em todo o conjunto de publicações de Southey, para o desenvolvimento da History of Brazil. Essas preocupações corroboraram para uma abordagem interessada em desvendar os costumes, maneiras e os aspectos curiosos que pudessem contribuir para a compreensão dos estágios das sociedades. O próprio interesse pelas maneiras e pelos costumes, ou seja, tudo que dizia respeito ao dia-a-dia das sociedades, foi um legado antiquário. Ambos também ajudaram na construção do entendimento, por parte de Southey, da história como um relato minucioso, de referência e que monumentalizava o passado. Explorei de forma mais detida na tese duas linguagens historiográficas. A primeira delas foi a do desenvolvimento do homem na Terra, que permitiu a Southey articular um cenário comum de desenvolvimento social entre todos os povos que existiram e que viviam a existir. Além de contribuir para um interesse profundo pelos costumes, a teoria dos quatro estágios da sociedade proporcionava uma comparação entre civilizações bastante diferentes em tempo e espaço, assegurando a sua validade pela linearidade contida em suas bases. Todas as civilizações tinham passado ou passariam pelos estágios de caçador, pastor, agricultor e comerciante. A segunda linguagem que explorei foi a da diversidade biológicaclimática, ponto essencial para o entendimento da valorização da mistura inter-racial na History of Brazil. Essa linguagem é articulada por Southey para explicar a suscetibilidade de certas raças a algumas doenças e a mutação ocorrida em compleições diferentes, promovida pela mistura racial. O Novo Mundo era um espaço em que as raças negra, europeia e indígena eram mescladas, formando uma nova raça e onde as doenças europeias eram reconfiguradas. Para ser possível a criação de um indivíduo chamado de brasileiro seria, antes de tudo, necessária a sua sobrevivência biológica. Essa mistura das raças, na avaliação de Southey, era bastante positiva, principalmente, a do indígena com o português, que gerava o mameluco. Os paulistas, que eram mamelucos, foram apresentados na History of Brazil como os grandes herdeiros do temperamento empreendedor português e da infatigabilidade indígena.