Campos de batalha jornalística : os enquadramentos construídos por Zero Hora, Diário Gaúcho e Sul21 na luta pela (i)legitimidade do ciclo de manifestações de 2013, em Porto Alegre/RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Fernandes, Eduardo Georjão
Orientador(a): Teixeira, Alex Niche
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/142444
Resumo: O tema desta pesquisa são as disputas travadas por veículos midiáticos na cobertura a ações de movimentos sociais. Busca-se, empiricamente, identificar os enquadramentos interpretativos construídos por três jornais (Zero Hora, Diário Gaúcho e Sul21) sobre o ciclo de protestos de 2013, em Porto Alegre/RS, em especial no que se refere às interações entre manifestantes e aparato policial. Metodologicamente, foi construído um banco de dados com todas as publicações de cada jornal, na cobertura ao ciclo de manifestações, bem como foram entrevistados(as) jornalistas responsáveis pela produção do conteúdo dessas publicações. Após a organização e a quantificação do corpus de dados, com a identificação de tendências de cobertura, foram selecionados eventos específicos de protesto (ocorridos em 27 de março, 04 de abril, 13 de junho e 20 de junho), bem como as “retrospectivas” de final de ano, para análise de conteúdo. A convergência entre o material empírico e os referenciais teóricos resultou em três dimensões centrais: a identidade dos(as) manifestantes; a caracterização da(s) reivindicação(ões) do protesto; as interações entre manifestantes e policiais. A partir de tais dimensões construiu-se um modelo analítico para operacionalização do estudo. Os resultados da pesquisa indicam que a construção de enquadramentos interpretativos por Zero Hora, Diário Gaúcho e Sul21 foi caracterizada pela multiplicidade de esquemas interpretativos. Essa multiplicidade diz respeito a diferenças (a) entre os conteúdos de cada jornal e a (b) transformações de enquadramento no curso das mobilizações. Zero Hora e Diário Gaúcho produziram enquadramentos similares. Inicialmente, as coberturas de ambos os jornais centraram-se na identificação de repertórios de dano a patrimônios por manifestantes, tomando-se a manifestação (denominada “baderna”) como ilegítima. Ao longo do ano, Zero Hora e Diário Gaúcho delimitaram uma distinção entre “manifestantes pacíficos” e um grupo específico - qualificado pelo termo “vândalos” -, o qual foi considerado responsabilizável pela realização de repertórios de dano a patrimônios. A referida transformação de enquadramento denotou uma autonomização deste repertório específico (tomado como ilegítimo) em relação à manifestação (considerada legítima). O Sul21 caracterizou-se, diversamente, pela ênfase, desde o início do ano, no questionamento à ação policial de repressão às mobilizações. Os protestos, por outro turno, foram invariavelmente considerados legítimos pelo Sul21. Por fim, as “retrospectivas” de final de ano indicaram similaridades no enquadramento de todos os jornais, com a construção de uma síntese interpretativa hegemônica a respeito do ciclo de protestos. A partir da análise de dados, formulou-se a seguinte tipologia dos enquadramentos interpretativos adotados em diferentes momentos do ano: “Manifestação como afronta à ordem”; “Polícia como instituição violenta”; “Maioria de manifestantes pacíficos em oposição à minoria de manifestantes violentos”; “Maioria de manifestantes pacíficos em oposição à minoria de manifestantes violentos e a uma polícia violenta”. A análise cronológica denotou disputas entre esses diferentes modelos de cobertura, com a constituição de um “campo de batalha” interpretativo.