Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Alves, Lucas Primo de Carvalho |
Orientador(a): |
Rocha, Neusa Sica da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/199069
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Resumo: |
Introdução: A depressão melancólica é um subtipo de transtorno depressivo maior (TDM) ao qual, ao longo do desenvolvimento da psiquiatria, psiquiatras experientes atribuíram como sendo causado por fatores biológicos, endógenos. A avaliação dos sintomas depressivos pode ser feita através de escalas sintomáticas, sendo que a escala de depressão de Hamilton (HDRS-17) é a mais utilizada mundialmente para a avaliação do TDM. Seis itens da HDRS-17 (HAM-D6) (humor deprimido, sentimento de culpa, trabalho e atividades, ansiedade psíquica, sintomas somáticos e retardo psicomotor) parecem representar um constructo unidimensional, homogêneo, possivelmente mais associado a melancolia. Essa escala pode ser avaliada pela análise estatística de Rasch, que avalia a escalabilidade do instrumento, além de realizar um ordenamento da gravidade dos sinais e sintomas do transtorno. Como a maioria dos tratamentos antidepressivos visa o aumento da transmissão monoaminérgica, e cerca de um terço dos pacientes não alcança a remissão após múltiplas tentativas de psicofármacos, tornou-se importante a investigação de novas teorias neurobiológicas do TDM, como a teoria neurotrófica e a teoria inflamatória. A associação de sinais e sintomas melancólicos da HAM-D6 com variáveis dessas teorias, portanto, podem auxiliar tanto no entendimento da neurobiologia do TDM, como na busca por novos alvos terapêuticos para o TDM. Objetivo: O objetivo geral desta tese é avaliar o ordenamento de gravidade (hierarquia) dos sintomas melancólicos da HAM-D6 e associá-los a variáveis de novas teorias neurobiológicas da depressão. Esta tese é composta de 5 artigos. O primeiro artigo objetivou avaliar desfechos clínicos, em pacientes deprimidos, internados em uma unidade de internação psiquiátrica, submetidos a tratamentos farmacológico e eletroconvulsoterapia (ECT). O segundo, realizar a análise de Rasch da HAM-D6, comparando-a com a HDRS-17, com o objetivo de avaliar as propriedades de escalabilidade da HAM-D6 e o ordenamento de gravidade desses sinais e sintomas. O estudo 3 foi um debate teórico acerca dos sinais e sintomas presentes na depressão melancólica. O estudo 4 objetivou avaliar a associação entre o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) e os sinais e sintomas da HAM-D6. O quinto estudo teve como objetivo avaliar a associação dos marcadores inflamatórios Interferon-gama (IFN-γ), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e Interleucinas (IL) 2, 4, 6, 10 e 17 com os sinais e sintomas da HAM-D6. Métodos: Pacientes admitidos em unidade de internação psiquiátrica com diagnóstico de TDM, entre 2011 e 2013, foram avaliados. No estudo 1, foram coletados dados clínicos com as escalas HDRS-17, Clinical Global Impression (CGI) e Global Assessment of Functioning (GAF) na admissão hospitalar e comparados com dados coletados na alta. Para os estudos 2, 4 e 5 foram utilizados os dados somente da admissão hospitalar. A análise de Rasch da escala HAM-D6, no estudo 2, foi realizada no software RUMM2020. As associações entre os sinais e sintomas da HAM-D6 e os marcadores biológicos, nos estudos 4 e 5, foram através de regressões lineares múltiplas, controladas para covariáveis confundidoras. Resultados: Estudo 1: Os pacientes que realizaram ECT apresentaram-se mais graves na admissão psiquiátrica, em comparação àqueles que realizaram apenas tratamento farmacológico. As taxas de remissão e resposta foram semelhantes nos grupos (58,1% e 84,3%, respectivamente, no grupo ECT; 58,7% e 75,5%, respectivamente, no grupo psicofármaco, sem significância estatística). Estudo 2: A HAM-D6 apresentou as propriedades de escalabilidade e de possibilidade de ordenamento de sintomas, enquanto a HDRS-17, não. Os sinais e sintomas, em ordenamento crescente de gravidade, foram humor deprimido, trabalho e atividades, sintomas somáticos, ansiedade psíquica, sentimento de culpa e retardo psicomotor. Estudo 4: Menores níveis de BDNF foram encontrados nos pacientes com retardo psicomotor (redução de 10,07ng/ml (IC 95% = 0,71 – 19,43); P = 0,03). Estudo 5: Trabalho e atividades foi associado a menores níveis de TNF-α (β = -0,18; P = 0,04) e maiores níveis de IL-10 (β = 0,2; P = 0,03). Humor deprimido foi associado a maiores níveis de IL-4 (β = 0,23; P = 0,02). Retardo psicomotor apresentou maiores níveis de IL-6 (β = 0,21; P = 0,02). Conclusões: A HAM-D6 parece representar um constructo unidimensional (depressão melancólica), com seus sintomas podendo ser ordenados em gravidade. Sintomas menos graves como trabalho e atividades e humor deprimido foram associados a um padrão de resposta anti-inflamatório. O sinal mais grave, retardo psicomotor, foi associado a um padrão pró-inflamatório (aumento de IL-6) e a diminuição de BDNF. Esses achados podem contribuir para encontrar alvos mais específicos para novos alvos terapêuticos da depressão. |