Transtorno depressivo maior em jovens : uma abordagem categórica, dimensional e de rede

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Manfro, Pedro Henrique Gaiva
Orientador(a): Kieling, Christian Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/231947
Resumo: O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das principais causas de carga de doença no mundo, com curso frequentemente recorrente e crônico, além de peso pessoal e social pela sua alta incidência na juventude. Como períodos de mudanças biopsicossociais significativas, a adolescência e a transição para a vida adulta são momentos críticos para identificar e entender o diagnóstico e os sintomas de depressão. Além disso, o TDM é um construto eminentemente heterogêneo, com apresentações clínicas e vias neurobiológicas diversas. Nessa tese, buscamos integrar a heterogeneidade fenomenológica e biológica da depressão por meio de três estudos. No estudo #1, investigamos o diagnóstico categórico, a estrutura fatorial e dimensional do TDM e de seus sintomas em jovens de 22-23 anos participantes da Coorte de Nascidos Vivos de 1993 de Pelotas. Com análises epidemiológicas, psicométricas e de rede, encontramos resultados condizentes com a literatura internacional em termos de prevalência-ponto do diagnóstico, estrutura fatorial da escala e centralidade dos sintomas depressivos. No estudo #2, ampliamos a investigação da amostra do estudo #1 ao utilizar técnicas analíticas de rede para examinar, longitudinal e transversalmente, a relação de dois marcadores inflamatórios, Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6), com sintomas depressivos e covariáveis biopsicossociais. Apesar de não encontrarmos associações entre os marcadores inflamatórios e o diagnóstico categórico ou a soma total da escala dimensional de sintomas, encontramos relações diferenciais transversais e longitudinais de sintomas específicos com IL-6. Sendo assim, concluímos que analisar de maneira progressivamente mais detalhada a relação entre sintomas depressivos e marcadores biológicos pode ser uma avenida para melhorar o entendimento destes. No estudo #3, avaliamos duas amostras de adolescentes de escolas públicas de Porto 9 Alegre, recrutadas de maneira semelhante e que responderam a dois questionários de sintomas depressivos distintos, porém complementares. Na amostra que respondeu a Patient Health Questionnaire (PHQ-A; n=7,720), encontramos que os sintomas de humor triste e sentimento de culpa excessiva foram os sintomas mais centrais da rede da escala PHQ-A. Na amostra que respondeu a Mood and Feelings Questionnaire (MFQ; n=1,070), itens de ódio a si mesmo e de sentimento de solidão, ambos classificados como não explicitamente contemplados no DSM de acordo com a literatura prévia, foram os mais centrais da rede de sintomas. Encontramos que itens refletindo critérios diagnósticos do DSM e itens não explicitamente contemplados nessa classificação nosológica fazem parte de uma rede altamente interconectada de itens. Ao focarmo-nos exclusivamente nos critérios incluídos do DSM para definição nosológica, podemos estar arriscando perder informações importantes da experiência adolescente do TDM. Com os três estudos, concluímos que incorporar a heterogeneidade inerente ao transtorno depressivo maior, em oposição a buscar alternativas reducionistas, é um passo fundamental para o avanço do entendimento dos sintomas depressivos em jovens.