Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Goldraich, Livia Adams |
Orientador(a): |
Clausell, Nadine Oliveira |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/280598
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Resumo: |
A progressão da insuficiência cardíaca (IC) para fases avançadas, o que pode ocorrer em 5-10% da população com este diagnóstico, é caracterizada por hospitalizações repetidas, utilização de recursos em saúde e indicação de terapias avançadas, que podem aumentar a sobrevida com qualidade de vida em pacientes selecionados. No entanto, apenas uma pequena proporção de pacientes com IC avançada, tanto por características clínicas como por limitada acessibilidade, recebe tratamento com transplante cardíaco ou implante de dispositivos de assistência ventricular esquerda (DAVE), enquanto que a maioria é tratada conservadoramente com manejo clínico. As terapias avançadas para IC possuem custos elevados; no entanto, os custos do tratamento clínico, única alternativa disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, são pouco conhecidos. A trajetória da IC avançada, os desfechos e o impacto da utilização de recursos e custos no sistema público de saúde de pacientes tratados com manejo clínico precisam ser melhor estudados para que se possa avaliar os potenciais benefícios da incorporação de tecnologias como os DAVE no país. Nesta tese, abordamos o tema do custo envolvido no tratamento clínico de pacientes com IC avançada de duas formas: 1) revisão de escopo sobre o tema a fim de mapear o conhecimento e lacunas do conhecimento quanto ao custo envolvido no cuidado destes pacientes, identificar os maiores componentes envolvidos no custo total mapeado, e, por fim, conhecer o custo total envolvido em diferentes regiões no mundo; 2) estudo avaliando retrospectivamente uma coorte de pacientes referenciados ao Programa de Transplante Cardíaco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre que apresentaram contra-indicações ao transplante 6 cardíaco, mas que teriam sido elegíveis ao tratamento com DAVE com foco na estimativa de custos e utilização de recursos do sistema de saúde. Na revisão de escopo, selecionamos 16 artigos que apresentaram heterogeneidade metodológica nos registros do custo do tratamento clínico de pacientes com IC avançada, independente da perspectiva da fonte pagadora, se pública ou privada, e do ambiente, se ambulatorial, hospitalar ou instituições de longa permanência. Nestes 16 estudos, a maioria oriunda dos Estados Unidos, mas também envolvendo países da Europa e da Ásia, os custos foram elevados, tendo as hospitalizações como principal componente do custo total. Estes achados são relevantes e reforçam a importância de políticas de custeio em saúde que sustentem o cuidado que estes pacientes necessitam. No artigo retrospectivo, foram incluídos 20 pacientes (90% masculinos, idade média 50 + 15 anos, 65% etiologia isquêmica) com IC avançada e potenciais candidatos a DAVE, que foram seguidos por 15 meses, com sobrevida de 40% no período. Custos diretos do tratamento foram obtidos através da metodologia de microcusteio. O custo médio por paciente foi Int$ 120.457 + 78.029, sendo que as hospitalizações foram o principal determinante do custo (72% do custo total), e pacientes mais graves (classificação de INTERMACS < 3) custaram cerca de 70% mais que os pacientes em INTERMACS > 3 no momento da indicação do dispositivo. Com base nos resultados dos dois estudos, é possível concluir que: 1. apesar da heterogeneidade metodológica existente entre os estudos abordando custos da IC avançada, dados apontam para gastos elevados em diferentes países; 2. pacientes com IC avançada candidatos a DAVE de longa duração, mas 7 sem acesso à terapia, representaram elevado custo para o sistema de saúde brasileiro, mesmo sendo considerado apenas custos diretos. O conjunto desses achados sugere que os custos envolvidos no tratamento clínico de pacientes com IC avançada não é trivial e merece atenção de políticas de saúde. Futuros estudos de custo-efetividade com a utilização de terapias avançadas para este subgrupo de pacientes podem eventualmente estimular discussões acerca de projetos públicos que busquem ampliar o acesso a estes tratamentos, assim como qualificar e otimizar recursos para o manejo conservador da IC avançada. i |