Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Silva, Tatielle Rita Souza da |
Orientador(a): |
Fischer, Rosa Maria Bueno |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/128904
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Resumo: |
Como transmitir o sal das palavras? De que forma é possível fazer do ensino o veículo de transmissão de um gosto? Como restabelecer, no encontro protagonizado na relação ensinante e aprendiz, mestre e discípulo, o liame etimológico entre saber, sabedoria e sabor – desde sempre perdido nos processos normativos de escolarização modernos? Estas são inquietações candentes à tese. Tais inquietações nasceram da atuação docente, em escolas da rede pública municipal e estadual de Porto Alegre, bem como do aprendizado recebido durante os primeiros anos de vida; na bifurcação desses caminhos, emergiu o amor à narrativa, pensado aqui como gestualidade passível de transmissão. Para problematizar tais questões, seguimos um método de trabalho que inverte início e fim, nascimento e morte, herança e filiação, origem e destino existencial. Na pesquisa, operamos a partir de uma coleção de cenas escolares e literárias, entregando-nos a um trabalho em torno do texto e da narrativa como inscrição existencial [etho]poiética. Nosso critério de seleção para eleger as cenas não foi outro senão ex-por-se ao pormenor, à filigrana, ao grão de areia, equilibrando-nos no vazio entre corpo-palavra, matéria-signo, e elevando nosso objeto de estudo à enunciação de uma prática. Nas cenas percorridas, interessou-nos pensar a potência de desalojamento, de interrupção e clivagem, produzidas desde o interior da ordem do sentido. Para tanto, acompanharam-nos autores como Walter Benjamin, Roland Barthes e Michel Foucault, dentre outros, que se agregaram ao percurso de pesquisa, tais como: Gaston Bachelard, Maurice Blanchot, Nietzsche e Giorgio Agamben. O ponto comum entre eles reside na potência conferida à gestualidade do literário, particularmente nos processos de formação. Ler, escrever, ex-por-se ao ruído inaudível do mundo, recolher fragmentos indecifráveis e dispersos à nossa volta e pôr-se a confeccionar histórias inscreve a existência em uma dimensão ética e estética muito particular, produzindo implicações nos processos de transmissão de saber deslocados no tempo e no espaço. O literário nos ensina outras formas de aprender. Esta tese põe-se a escutar a dor e a alegria de um mundo todo em estado de in-fância, de nascimento, povoado por seres habitantes do subterrâneo, vozes emergentes de uma zona de interlúdio, corpos em estado de transição. Existência e palavra se confundem nos limites de si mesmo, para transmutarem-se mutuamente e formarem algo novo, algo que nasce do encontro entre o inaudível, o impronunciável de nossas vivências e a prosa do mundo. Trata-se de abrir espaço para um saber que surge da escritura de uma voz. Nossos estudos nos apontaram que a imbricação de um saber/sabor, inscrita no gesto de transmissão literária, será tão mais fecunda se inaugurar um encontro pedagógico que rompe e adultera a ordem do sentido. Será tão mais profícua se nascer de um corte, de um deslocamento, de uma interrupção; enfim, se ousar subverter a forma e transmitir um saber adúltero – um saber mais comprometido com a matéria de criação do que com uma suposta exegese dos conteúdos veiculados. |