O dispositivo do olhar no cinema de horror found footage

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Acker, Ana Maria
Orientador(a): Rossini, Miriam de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/158681
Resumo: A tese investiga como se estabelece o dispositivo do olhar enquanto experiência estética no cinema de horror found footage a partir da materialidade cinematográfica. Realiza-se uma discussão acerca do modo como esses filmes circulam no gênero horror com o cruzamento de teorias de cinema, tecnologia e da Comunicação. A concepção de dispositivo do olhar é pensada, especialmente, a partir de Jonathan Crary, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Laurent Mannoni, Hans Ulrich Gumbrecht, Vilém Flusser e Philippe Dubois. O dispositivo do olhar é, portanto, delineado como o comportamento visual e de uso de artefatos tecnológicos que aparece nos filmes e o modo como esse olhar de dentro do filme pode afetar a forma de ver do espectador. Não é como a tecnologia é representada nos filmes, mas a estratégia dessa e seus respectivos discursos em intentar o apelo sensível do público. O problema de pesquisa é: Como se constitui o dispositivo do olhar nos filmes de horror found footage e o que esse fenômeno pode indicar da nossa relação com o cinema e a tecnologia na contemporaneidade? De que modo é possível discutir a experiência estética com o cinema de horror a partir dessas produções? Assim, o objetivo geral da pesquisa é compreender como opera o dispositivo do olhar no cinema de horror found footage e a maneira como ele propõe experiências estéticas, a fim de perceber características da nossa relação com o cinema e a tecnologia na contemporaneidade. Já os objetivos específicos são os seguintes: a) Problematizar o dispositivo do olhar no cinema, sua produção imagética nos respectivos aspectos tecnológicos, sociais e culturais, a partir do horror contemporâneo; b) Estudar aspectos estéticos e narrativos do gênero horror com ênfase nos filmes found footage; c) Discutir especificidades da imagem no found footage; d) Analisar os filmes que compõem o corpus, discutindo-os a partir das movimentações do dispositivo do olhar no horror e das experiências estéticas que potencializam. Entre alguns pressupostos abordados pela tese estão os de que o horror found footage é um fenômeno pós-sala de cinema, ainda que muitas produções circulem em grandes espaços de shopping centers e sejam lançadas em 3D. Ou seja, ver filmes é cada vez mais uma atividade privada e individual. O espectador está sozinho, do mesmo modo que as personagens que correm pela noite escura com uma câmera na mão. A visualidade dos games, a navegação pelas interfaces computacionais ou dispositivos móveis, também deixam marcas nas narrativas com esse estilo. Há ainda diversos tipos de imagens, texturas, cores diferentes que até o desenvolvimento do found footage não haviam sido exploradas no gênero horror. Essas imagens intentam ambiências, conceito de Gumbrecht (2014) que auxiliou a análise. As texturas estranhas, as falhas, ruídos, os “erros” dos equipamentos potencializam as experiências a partir de atmosferas, muitas dessas de aparelhos visuais que não são mais consumidos massivamente, como o VHS. Há sim uma presentificação do passado desses artefatos, dos modos como eram usados, um retorno de hábitos que são reconfigurados pelo contexto do horror. As ambiências possíveis pelas imagens, a perseguição pela experiência tátil com a narrativa, marcam um fenômeno contemporâneo de busca pela apreensão do tempo, das memórias, da vida. Um desejo de possuir as imagens e seus mundos, algo que se sobrepõe à intenção de registro ou de representação do mundo. Podemos afirmar ainda que a ideia de Gumbrecht (2015) do presente amplo se aplica aos filmes estudados nesse aspecto.