Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Fonseca, Natália Barroncas da |
Orientador(a): |
Garcez, Pedro de Moraes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/277304
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Resumo: |
Esta tese teve como objetivo principal verificar o que dizem falantes de inglês de origem guianense sobre os repertórios linguísticos que circulam no mercado sociolinguístico fronteiriço de Bonfim, Brasil e Lethem, Guiana, para examinar e discutir, na perspectiva desses falantes, as configurações dos valores de uso e de troca atribuídos ao inglês percebidos nas ideologias de linguagem observadas e reportadas pelos participantes, com vistas à produção de entendimentos sobre a situação sociolinguística local. Para este estudo etnográfico, foram utilizados relatos de entrevista semiestruturada e vivência etnográfica na região. Quinze entrevistas foram realizadas ao todo, com pessoas falantes de inglês, migrantes guianenses em Bonfim, e brasileiros atuantes ou moradores na região, totalizando pouco mais de 10 horas de material gravado. O enquadre teórico-metodológico deste estudo engloba, centralmente, as discussões de linguagem associadas ao capitalismo avançado (Heller; Duchêne, 2012), o trabalho ideológico da linguagem apresentado por Gal e Irvine (2019) e ideologias raciolinguísticas (Flores; Rosa, 2015; Alim; Rickford; Ball, 2016). O exame dos dados revela que elementos de raça emergiram com relevância crucial para compreender a dinâmica de produção e manutenção das ideologias da linguagem para aquelas pessoas naquele espaço. O trabalho ideológico da linguagem identificado nesta pesquisa revela, pelos eixos de diferenciação e como são constituídos ideologicamente, as relações hierárquicas na dinâmica da fronteira: sujeitos racializados, indicializados pelo inglês que falam. No que se refere ao valor atribuído ao inglês, os resultados mostraram que o valor de uso dos referentes de inglês ─ do que opera na fronteira e daquele que opera tanto na fronteira como nos centros ─ é mínimo, pelo sentimento de vergonha de falar e pela mobilização de ideologias raciolinguísticas. Com relação ao valor de troca, para o referente de inglês local é zero, porque não há mobilização desse recurso com a finalidade de vantagem econômica e nem para a obtenção de distinção que produz acesso a certos espaços. Para o referente que opera localmente e nos centros, o valor de troca é determinado pelo que ele pode proporcionar dentro e fora da fronteira. O resultado da reinterpretação dos dados revela que a configuração do campo indicial e a atribuição de (des)valor ao inglês são mobilizados por práticas de significação (Pannell, 2023) para desviar da vigilância reducionista da etnógrafa. No tocante às contribuições teóricas, para o campo de mercantilização de linguagem, verificou-se que o cenário periférico examinado, que não está nas principais rotas capitalistas, parece pouco afetado, em escala local, pelos discursos de lucro. Para o campo de ideologias de linguagem e ideologias raciolinguísticas, constatou-se que há um esvaziamento do sentido indicial que o inglês tem em outros espaços, quando quem o produz é sujeito racializado. |