Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Moro, Daniela |
Orientador(a): |
Garcez, Pedro de Moraes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/283571
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Resumo: |
Este trabalho teve como objetivo principal reunir relatos de histórias de vida de participantes falantes de repertórios linguísticos de extração europeia em um município do Sul do Brasil a fim de compreender as ideologias de linguagem identificadas em seus entendimentos sobre seus repertórios linguísticos. A investigação foi desenhada qualitativamente e filia-se ao paradigma interpretativo de pesquisa (Erickson, 1990; Mason, 2002). Os dados foram gerados em entrevistas semiestruturadas com dez participantes falantes de um repertório maior que o português e menor que outros itens de repertório fora do escopo dos repertórios linguísticos originados de imigração histórica alemã e italiana. Os participantes são representativos de gênero, classe e idade, e têm domínio da língua portuguesa nas modalidades oral e escrita. A análise dos dados é de natureza interpretativa (Garcez et al., 2014). O enquadre teórico-metodológico deste estudo inclui centralmente as discussões de linguagem associadas aos discursos de endangerment (Duchêne & Heller, 2007), ao trabalho ideológico da linguagem (Gal & Irvine, 2019) e ideologias raciolinguísticas (Flores & Rosa, 2015; Rosa & Flores, 2017). O exame dos dados revela que itens de repertório de extração europeia falados pelos participantes são referidos por eles como "quebrados", "atrapalhados "ou "engraçados", embora, por serem particulares da branquitude, associam-se a elementos socialmente prestigiosos. Além disso, os resultados indicam que referências explícitas a raça e repertórios linguísticos realizadas pelos participantes em seus discursos indiciam os grupos em oposição e contraste para construir hierarquias e legitimar desigualdades. Termos como "brasileiro", "caboclo", "peão", "preto", "azul" e "negro" são usados para categorizar e hierarquizar grupos em oposição ao "branco", a categoria étnico-racial normalizada e dominante localmente. O grupo étnico-racial dominante valoriza seus repertórios linguísticos de extração europeia alemã e italiana, uma vez que esses repertórios são constitutivos da organização hierárquica raciolinguística. Não obstante, o grupo está contemporaneamente envolvido em outro momento histórico em que a aprendizagem de outros repertórios linguísticos se faz presente. Argumenta-se que a transmissão intergeracional dos repertórios linguísticos multifacetados atende aos interesses particulares construídos nas diferenças entre grupos, associando-os à branquitude europeia. Por fim, propõe-se discutir as razões pelas quais tratamos como minorizados os repertórios linguísticos alemães e italianos que circulam contemporaneamente pelo Brasil. |