Reconstituição da força de trabalho para a reestruturação produtiva : tecnologia, qualificação e conhecimentos tácitos dos trabalhadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Viegas, Moacir Fernando
Orientador(a): Silva Triviños, Augusto Nibaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256185
Resumo: Através da presente pesquisa investiguei os cursos supletivos que as empresas têm organizado na última década, individualmente ou em parceria com instituições de ensino, no sentido de adequar a formação de sua força de trabalho às novas necessidades do processo de produção advindas da reestruturação produtiva. A questão que me propus investigar foi a forma como atuam as práticas de ensino supletivo desenvolvidas pelas empresas para reconstituir a formação da força de trabalho para a reestruturação produtiva. Minha hipótese é que os cursos supletivos estruturados pelas empresas objetivam habilitar os trabalhadores a explicitar e difundir seus conhecimentos na produção, constituindo um compromisso permanente das capacidades intelectuais da classe trabalhadora com a mesma. Esse objetivo é atingido através das interações construídas entre os trabalhadores nas práticas educativas, que visam superar a formação fordista dos mesmos, habilitando-os a realizar trocas entre conhecimentos tácitos e formais. Para realizar a pesquisa, tomei como base 6 projetos desenvolvidos individualmente ou em parceria, sendo que 10 empresas foram investigadas mais diretamente, através de entrevistas com seus principais grupos sociais, observações das aulas e de questionários aplicados com 120 trabalhadores. Os projetos situam-se em diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul. Na parte inicial do trabalho, procuro apresentar as características gerais da produção no paradigma fordista, dando especial atenção ao processo de trabalho executado pela classe trabalhadora e às necessidades de formação daí decorrentes, cujo aspecto central estava ligado às habilidades manuais dos trabalhadores. A seguir, examino a passagem do fordismo para a reestruturação produtiva, novamente dando especial atenção às mudanças no processo de trabalho e à formação exigida à força de trabalho. Nesse ponto, enfoco a implementação das novas tecnologias organizacionais e informatizadas, que fazem com que a produção e a difusão permanente de informações passem a ser o aspecto central do processo produtivo, incidindo na necessidade de reconstituição da força de trabalho, que hoje se expressa na discussão das novas qualificações e das competências. Na análise dos dados, primeiro procedo a uma explanação dos aspectos gerais das práticas investigadas. Depois, exponho a forma como nelas são estruturados os cursos supletivos para realizar a reconstituição da força de trabalho. Posteriomiente, apresento o que entendo ser duas contradições subjacentes à reconstituição da força de trabalho efetivada pelos cursos supletivos, do ponto de vista do capital e dos trabalhadores. Para o capital, a contradição está em que, ao mesmo tempo em que almeja recuperar para a produção as capacidades intelectuais dos trabalhadores, precisa manter o controle sobre as mesmas, para os desígnios da produtividade. No que diz respeito à prática dos trabalhadores, a reconstituição de sua capacidade de trabalho através dos cursos supletivos apresentará, se um lado, possibilidades de maior qualificação, de exercício da criatividade, de oportunidades de relacionamento com os colegas e de maior segurança em relação ao emprego e, de outro, a crescente pressão por produtividade e o aumento da desvalorização de sua força de trabalho.