Deficiência, contexto escolar, patologização da vida e processos diagnósticos : entre o mapa e o território

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Carla Maciel da
Orientador(a): Baptista, Cláudio Roberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249730
Resumo: O presente estudo tem como objetivo central analisar como o conceito de deficiência constituiu-se nos últimos 70 anos e quais seus possíveis efeitos nos processos diagnósticos e em dimensões relativas à escolarização. No âmbito deste estudo são discutidos também os efeitos dos processos de patologização e medicalização da vida. A perspectiva que caracteriza este estudo está associada a uma compreensão contextualizada da deficiência e considera seus possíveis efeitos na construção de políticas públicas e práticas destinadas a sujeitos que, historicamente, foram alvos de uma compreensão identificada com a ―anormalidade‖. A pesquisa, de cunho qualitativo e de caráter documental e bibliográfico, apresenta como perspectiva teórico-metodológica o pensamento sistêmico e o pensamento de estudiosos como Gregory Bateson, Fritoj Capra e Maria José Esteves de Vasconcellos. Para tanto, três dimensões metodológicas foram estruturadas a fim de contemplar os objetivos traçados para esta pesquisa: uma análise referente à constituição do conceito de deficiência e seus possíveis efeitos nos processos de escolarização, assim como em diretrizes brasileiras e orientações oficiais; uma revisão analítica da literatura especializada relativa à temática da pesquisa, identificando suas regularidades, tendências e lacunas; e um investimento em histórias evocadas como narrativas, com destaque para episódios oriundos de experiências profissionais da pesquisadora na sua condição de professora da área de educação especial. As dimensões anunciadas associam-se às seguintes indagações: como a escola produz a deficiência? Ou, ainda, como a escola participa dessa complexa rede de produção? Foi possível compreender que, apesar de existir uma ampla crítica, na literatura especializada, acerca dos riscos de simplificação dos processos diagnósticos, temos assistido a um aumento numérico nos índices de crianças que são alvo desses procedimentos e a uma tendência de manutenção das práticas avaliativas e do protagonismo vinculado aos profissionais de áreas associadas com a saúde mental. Percebe-se uma mentalidade predominante relacionada ao conceito de deficiência que permeia nossas políticas e práticas educacionais. Ao analisarmos a constituição de manuais diagnósticos como o DSM, identifcamos a existência de um retrocesso que se expressa no deslocamento de uma compreensão mais associada aos fenômenos psíquicos como manifestações humanas para uma compreensão identificada como biomedicalizante, predominante na psiquiatria contemporânea. Podemos considerar, ainda, que manifestações sociais expressas em queixas associadas a comportamentos considerados inadequados ou a possíveis dificuldades na aprendizagem seguem, em grande medida, sendo compreendidas como questões de cunho patológico. Nosso grande desafio continua versando sobre a necessidade de construir modos de compreensão de forma mais contextualizada, ou seja, estratégias que favoreçam uma visão ampliada acerca dos percursos pessoais e escolares, dissociados da fragmentação e da simplificação que tendem a fortalecer os processos de classificação.